Depois de enfrentar uma forte repressão policial, no último dia 9, os estudantes chilenos estão se preparando para uma nova manifestação: a paralisação nacional dos dias 24 e 25, que promete levar mais de 100 mil pessoas às ruas.A repressão das manifestações do dia 9 de agosto lembrou os tempos da ditadura Pinochet. Quase 900 estudantes foram presos e centenas de outros ficaram feridos depois que o governo lançou os chamados “carabineiros” contra os manifestantes. Mas, ao contrário das expectativas do presidente Sebastian Piñera, os estudantes não se sentiram derrotados, tampouco irão recuar de sua luta.

A forte repressão policial está servindo para massificar a convocação de uma paralisação nacional, chamado pelos estudantes, sindicatos e pela Central Única de los Trabajadores (CUT), para os dias 24 e 25.

Dessa vez, a paralisação nacional pela educação não vai levar apenas estudantes às ruas, mas professores, trabalhadores da educação em geral, funcionários públicos e os trabalhadores da construção civil, que estarão em marcha contra as forças de repressão policial e contra o governo. A expectativa é de que no próximo dia 17 de agosto, algumas categorias já iniciem pequenas paralisações em sinal de apoio aos estudantes.

Desde o mês passado, os estudantes chilenos protagonizam uma verdadeira rebelião pela educação pública. Os estudantes exigem educação gratuita e de qualidade em todos os níveis. No caso da educação secundária, defendem que os colégios voltem a ser mantidos pelo Estado. No ensino superior, defendem o aumento do financiamento público para as universidades, pois menos de 10% de recursos aplicados em educação superior são do Estado. Ao mesmo tempo em que o governo Piñeira responde com repressão, a revolta dos estudantes tem ganhado cada vez mais adesão da população e levado o governo a uma grave crise política.

ANEL divulga manifesto em apoio à juventude chilena
Depois de sua viagem ao Chile, a ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre) lançou um manifesto em apoio à luta dos estudantes chilenos. O objetivo é coletar assinaturas de todo o movimento estudantil brasileiro para fortalecer a luta da juventude chilena.

Mas o manifesto não será a única iniciativa da ANEL em apoio aos protestos no Chile. A data dos protestos chilenos coincide com a jornada nacional de lutas convocada pela CSP-Conlutas e pela ANEL. Aqui no Brasil, o dia 24 será marcado por uma marcha à Brasília convocada pelas entidades. A jornada pretende ajudar a preparar os trabalhadores para resistirem aos novos ataques que o governo e os empresários estão tentando impor aos trabalhadores e a juventude brasileira. Contudo, a ANEL também promete realizar no dia atos de solidariedade a luta da juventude chilena. No próximo dia 16, quarta-feira, a ANEL vai participar, em São Paulo, de um ato em frente ao Consulado chileno. O protesto será realizado às 17 horas, na Av. Paulista, 1009.

Confira o Manifesto em apoio aos estudantes chilenos

Manifesto do movimento estudantil brasileiro de apoio a luta dos estudantes chilenos

As entidades abaixo-assinadas vêm por meio deste MANIFESTO declarar seu apoio irrestrito à luta dos estudantes chilenos, assim como um enorme repúdio à truculenta repressão realizada pelo governo de Sebastian Piñera.

A partir de maio deste ano, o movimento estudantil do Chile vem protagonizando as maiores mobilizações do país desde a época da ditadura, chegando a reunir até meio milhão de pessoas nas ruas. Sua reivindicação é a educação gratuita, num país que possui altos índices de privatização e cobrança de taxas nas universidades públicas. A cada 10 estudantes chilenos, 7 têm que estudar na rede privada, e aqueles que conseguem chegar no ensino público são reféns de altas taxas para se matricular, o que acaba por resultar num enorme número de endividados e de inadimplentes.

De acordo com pesquisas, a luta dos estudantes já conta com o apoio de cerca de 80% da população chilena. Já se incorporaram na luta pais e mães dos alunos, professores, trabalhadores da saúde, dos transportes, e também mineiros do Cobre, principal setor da economia do Chile. Ocupados na maioria dos colégios e universidades e promovendo gigantescas manifestações, os estudantes têm se utilizado de diversos métodos de luta com muita criatividade, inspirados pelas mobilizações no mundo árabe e na Europa.

Nos últimos protestos, o governo Piñera intensificou a repressão sobre o movimento estudantil. Utilizando-se de um decreto da ditadura de Pinochet, avançou as forças policiais contra os manifestantes, deixando centenas de feridos e quase mil presos políticos. Hoje, o governo vive uma grave crise política, chegando a seu pior índice de aprovação de cerca de 20% da população, mudança em 8 ministérios e muito desgaste.

O movimento estudantil brasileiro quer transmitir através desse Manifesto toda a solidariedade e força para que os estudantes e trabalhadores sigam a sua luta até o fim, além de exigir que o governo Piñera liberte imediatamente os presos políticos e pare com a repressão. A educação pública, gratuita e de qualidade é um direito de todos os chilenos, e não uma mercadoria. Estamos no Brasil comprometidos com essa luta e, por isso, damos todo o incentivo para que o movimento estudantil chileno siga e fortaleça seus protestos.

MANDE A ASSINATURA DE SUA ENTIDADE ESTUDANTIL PARA [email protected]