PSTU Rio de Janeiro

Hoje pela manhã, exatamente no horário em que as pessoas estavam se dirigindo ao trabalho, a Polícia Civil, ignorando a Medida Cautelar do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbe operações nas favelas durante a pandemia (salvo autorização expressa) invadiu a favela do Jacarezinho, promovendo uma verdadeira chacina. Até o momento, foram informadas 25 mortes, sendo uma delas a de um policial.

Como sempre, a polícia, através de seu serviço de relações públicas, informou que todos os mortos são ligados ao tráfico, como se isso, por si só, autorizasse uma licença para matar. A operação foi tão absurda que pessoas foram atingidas por balas dentro do Metrô da Linha 2.

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A justificativa é o combate ao tráfico de drogas, mas, se esta política fosse eficaz, o tráfico de drogas já teria tido acabado há muito tempo. O que acaba acontecendo é a substituição, no controle do tráfico, de um grupo criminoso por outro. Para além disto, é uma política que serve para continuar se intensificando a criminalização da pobreza e um verdadeiro genocídio, em particular do povo negro e da juventude que habita as favelas e comunidades.

Tivemos, recentemente, uma mudança no comando do estado, com o afastamento de Wilson José Witzel, do Partido Social Cristão (PSC), que depois de ser condenado, por corrupção, em processo de impeachment, foi substituído por seu vice, Cláudio Castro, também do PSC. Mas, a política continua a mesma.

A polícia, que é sustentada pelos impostos pagos pela sociedade, não tem o direito de continuar promovendo assassinatos nas favelas, inúmeras vezes de pessoas inocentes, inclusive crianças. Já está mais do que na hora da população trabalhadora do Rio de Janeiro seguir o exemplo dado pela população norte-americana, brancos e negros, que tomou as ruas para protestarem contra o assassinato de George Floyd.

Não é possível que a classe média do asfalto continue agindo como se isto não a atingisse. São pais e mães de família que ficam à mercê desta violência e que, via de regra, têm de chorar a morte de seus filhos, tendo eles envolvimento ou não com o tráfico.

Sem justiça, não há paz!

Precisamos de discutir, sem hipocrisia, a questão da descriminalização das drogas, pois acabando com o tráfico de drogas, elimina-se, também, o tráfico de armas. Precisamos de discutir, também, a desmilitarização da Polícia Militar a unificação em uma só Polícia Civil, com direito de sindicalização e de greve e que se subordine às comunidades.

Precisamos de uma política de segurança que se imponha pelo respeito aos direitos dos cidadãos e não pela imposição do medo. Uma polícia que se aproxime da sociedade, com a eleição de delegados. Por fim, defendemos a auto-organização dos trabalhadores e trabalhadoras, dos moradores das comunidades e do povo em pobre para se defenderem do crime organizado, do tráfico e das milícias. E, também, da violência policial.

– Pelo fim das operações policiais em favelas!
– Pela descriminalização das drogas!
– Pela desmilitarização da PM!
– Fora Cláudio Castro!