Neste dia 1º de fevereiro, a partir das 13h no Teatro Cacilda Becker em São Bernardo do Campo (SP), as centrais sindicais promovem o “Ato Unidos, Jamais Vencidos” em homenagem aos trabalhadores que lutaram contra a Ditadura Militar

Dia 31 de março deste ano completam-se 50 anos do golpe de 1964, início da Ditadura Militar, período no qual os trabalhadores cumpriram papel decisivo na luta contra a opressão do governo, pela democratização, por uma sociedade mais justa e igualitária.
 
Sabendo do poder que têm os trabalhadores, os governos militares, aliados à burguesia internacional que atuava aqui por meio das multinacionais (veja mais aqui), trataram-nos como uma das principais ameaças, proibindo organizações políticas e organizações sindicais livres, perseguindo, prendendo, torturando e matando homens e mulheres como forma de silenciar e manter sob controle o conjunto dos trabalhadores. Para perpetrar ações contra seu próprio povo, o Regime Militar recorreu a instrumentos como os Atos Institucionais, a Lei antigreve e a Lei de Segurança Nacional. De sua parte, os patrões buscavam controlar os sindicatos, demitiam trabalhadores considerados perigosos e criavam listas que circulavam entre os patrões, para que, uma vez demitido um trabalhador por suspeita de atuação política ou sindical, nenhuma outra empresa o contratasse.
 
Apesar da repressão, Grande São Paulo foi palco constante da luta dos trabalhadores, como a greve dos metalúrgicos de Osasco em 1968 e as mobilizações no ABC entre 1978 e 1980, que abriram caminho para as lutas pela redemocratização.
 
Nos últimos anos, a partir dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade tem sido possível jogar alguma luz nesse que é um dos mais sombrios de nossa história. Conhecer sua história e sua luta é um direito daqueles que viveram e sofreram a Ditadura Militar e de toda a sociedade brasileira e as investigações são um dever do Estado.
 
Infelizmente, a Comissão da Verdade não prevê punição àqueles que promoveram a repressão, que perseguiram, prenderam, torturaram, mataram ou mandaram matar, sendo assim o processo de reparação às vítimas fica incompleto e, mais que isso, a impunidade segue sendo a regra entre as forças de repressão em nosso, permitindo que a atuação da Polícia Militar seja, ainda nos dias de hoje, pautada pelo combate aos manifestantes e lutadores como se fossem inimigos do Estado.
 
No dia 1º de fevereiro de 2014, as centrais sindicais brasileiras que formam o Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical da Comissão Nacional da Verdade realizarão um grande ato para homenagear os trabalhadores e sindicalistas da Grande São Paulo que sofreram com a repressão da ditadura e das empresas. Os trabalhadores ou suas famílias receberão um diploma de reconhecimento por sua luta assinado por todas as centrais.
 
É uma iniciativa que busca jogar luz à história dos trabalhadores de nossa região, reconhecendo a dedicação e o sacrifício daqueles que a construíram. É uma iniciativa que ganha ainda mais relevância se considerarmos o momento atual. A partir dos protestos de junho do ano passado e com a proximidade da Copa do Mundo o governo tem reeditado medidas repressivas, como os gastos de 50 milhões com armamento para a segurança da Copa e a Lei 12.850 sobre Organização Criminosa sancionada por Dilma em 2013 e que tem sido usada para enquadrar militantes e ativistas.
 
Reconhecer a importância de cada um e de cada luta. Porque lutar não é apenas um direito, é uma necessidade!
 
Para saber mais 
A Convergência Socialista, uma das correntes que deu origem ao PSTU, foi duramente perseguida durante a ditadura pela sua obstinação em atuar na organização e luta dos trabalhadores e, especialmente, dos operários industriais. Teve importante atuação nos movimentos no ABC de 1978 e 79, na luta pela redemocratização e organização dos trabalhadores no início da década de 1980. Em 25 de outubro de 2013 a 77ª Caravana da Anistia reconheceu o papel da convergência e de muitos de seus militantes na luta contra a ditadura. O documentário A Convergência Socialista e a Ditadura conta um pouco dessa história.