Aos companheiros do PSOL, PSTU, PCB e outros membros de organizações da esquerda socialista brasileira na oposição ao governo Lula

Depois de mais de 15 anos de aplicação dos planos neoliberais em praticamente toda a América Latina e de respostas políticas que ampliaram a desigualdade social na maioria dos países da região, a polarização social e a resistência têm sido crescentes de norte a sul deste sub-continente e os desafios para a esquerda socialista e democrática são enormes.

No Brasil, durante estes poucos mais de três anos de experiência com Lula como presidente, e´ defintiva a conclusão que este governo, o PT e seus aliados colocam-se como obstáculos para luta popular, democrática e dos trabalhadores.

No dinâmico processo que são as lutas populares e dos trabalhadores, mais uma vez está colocada a possibilidade de unidade entre a esquerda socialista, nas lutas e nas eleições. É somente somando forças, com base nos movimentos populares e em defesa da organização independente dos trabalhadores que se pode obter importante impacto na crítica e na prática contra o neoliberalismo no Brasil. Uma frente de esquerda pode vir a ser importante ferramenta contra a dependência e o mecanismo de exploracao representado pela dívida externa, assim como constituir uma barreira à submissão do país às cirandas financeiras nacional e internacional. Por sua vez, o impacto desta soma de forças pode resultar na ampliação nas lutas do povo e dos trabalhadores, ao ajudar fazer esvair-se a resignação diante da desilusão com Lula e o PT.

Neste momento, é com grande alegria que tomamos conhecimedo das importantes discussões entre partidos e organizações da esquerda brasileira como o PSOL, PSTU, PCB e outros grupos no sentido de conformar uma frente da esquerda.

Desde a Europa, nos dirigimos às direções e membros deste partidos para saudar estas iniciativas. Queremos chamar a atenção para as grandes possibilidades que poderiam ser abertas com uma campanha efetiva para superação do PT e Lula, dentro e fora do Brasil. Mas para além destas possibilidades, queremos humildemente lembrar da imensa responsabilidade que tem a esquerda brasileira em apresentar uma saída unificada contra a falsa polarização representada pelo PT e PSDB nas eleições de 2006. Os acordos e as práticas comuns desses partidos para a sobrevivência do sistema capitalista dependente no Brasil demonstraram a farsa desta polarização. Uma frente de esquerda no Brasil seria muito maior do que a soma de suas partes, e teria repercurssões não somente no processo eleitoral, e não apenas no Brasil.

Durante este período neoliberal, a quantidade de brasileiros exilados economicamente tem sido crescente. Durante o governo Lula, a Inglaterra tem recebido cada vez mais imigrantes brasileiros. Neste país, nós já estamos construindo uma comissão de apoio a frente de esquerda brasileira para demonstrar não somente que há no Brasil alternativa ao neoliberalismo, seja ele de Lula/PT ou do PSDB/PFL, mas também para ajudar a mostrar a esquerda mundial que Lula e o PT encerraram sua etapa e já não falam em nome dos trabalhadores, estejam eles onde estiverem.

Entendemos que hajam diferenças e que a construção da unidade na esquerda socialista e´ sempre um processo difícil, mesmo no campo eleitoral, mas gostaríamos de lembrar da extrema importancia que teria uma campanha unificada da esquerda socialista em oposição ao neoliberalismo e à falsa polarização entre PT/PSDB.

Londres, 25 de maio de 2006

Pelo grupo pela frente da esquerda brasileira na Inglaterra (FEBI), subscrevem

Alfredo Saad Filho, professor universitário, SOAS, University of London
Adivalter Assis, eletricista em Londres
Barbara Maria Rodrigues, economista no Brasil, estudante de inglês e faxineira em Londres
Benedita Aires Whitehouse, auxiliar de ensino em Londres
Cleverson Souza, professor de História no Brasil, eletricista em Londres
Cristiane Nascimento, economista no Brasil, estudante de Inglês e garçonete em Londres
Fernanda Pereira Mariano, mestranda, University of Liverpool
Henrique Sa Earp, doutorando, Imperial College, University of London
Juliana Custódio, estudante de inglês e garçonete em Londres
Laércio Pereira, bancário no Brasil, assistente de deficientes físicos em Manchester
Marcelo Batarce, doutorando, London South Bank University
Marcelo Rodrigues, web designer no Brasil, ajudante de construção em civil em Londres
Mariane Coutinho, pós-doutoranda, University of Reading
Maria Prado, advogada no Brasil, recepcionista e segurança em Londres
Maria Elvira Mariano da Silva, mestranda, University of Salford, Grande Manchester
Sinesio Alves Junior, doutorando, UCL, University of London
Tony Saunois, membro do Secretariado Internacional do CIO/CWI