Não foi só o sistema financeiro norte-americano que desmoronou nos últimos dias. Foi abaixo, também, toda uma ladainha neoliberal entoada há mais de duas décadas pelos defensores do grande capital. Ladainha que sustentava a “vitória do capitalismo sobre o socialismo” e sua invencibilidade.

Desde as eras Reagan e Thatcher, a maioria dos economistas, governos e jornalistas realizaram uma esmagadora campanha ideológica em prol da globalização capitalista. Primeiro, com o desabamento da URSS, diziam que chegávamos ao fim da História. Em seguida, falavam da mão invisível do mercado e que ele, por si só, resolvia muitas coisas.

Repetiam como um mantra a suposta eficiência das empresas privadas, muito superior às estatais, enquanto empurravam o receituário do Consenso de Washington pautado na desregulamentação da economia e nas privatizações. Tudo prontamente cumprido pelos governos subservientes da América Latina.

Na década de 1990, as estatais foram entregues a preço de banana para multinacionais em escandalosos leilões. A exploração, o desemprego, a miséria e as diferenças entre pobres e ricos só se alargaram.

E, se o lucro é o objetivo, tudo pode ser feito para obtê-lo. O apelo do individualismo criou a moral do vale-tudo, cujo único propósito era ganhar o máximo de dinheiro possível a todo custo.

Falar de socialismo, luta de classes, revolução mundial, ditadura do proletariado foi considerado uma heresia para os fundamentalistas do neoliberalismo. Os marxistas revolucionários foram chamados de dinossauros. A esquerda não ficou imune à ofensiva neoliberal e foi sacudida por um vendaval oportunista. Muitos se perderam, acreditando que não havia mais saída por fora do capitalismo.

Hoje, anos depois da tão proclamada vitória do capitalismo sobre o socialismo, a panacéia da globalização provou que não era capaz de resolver os mais básicos problemas da humanidade. O capitalismo não é invencível.

Comprometido com o livre mercado, o imperialismo norte-americano está em contradição com seu próprio discurso neoliberal. O governo Bush interveio na crise nacionalizando boa parte do sistema financeiro dos EUA ao custo de trilhões de dólares.

Na verdade, a mão invisível do mercado nunca existiu. A não-intervenção do Estado na economia é apenas um mito defendido pelos economistas burgueses. Não existe uma economia em que o Estado não tenha de se fazer presente. Antes, ajudando os capitalistas a concentrar capitais. Agora, salvando as empresas falidas.

É o velho método de socialização dos prejuízos, após a farra privada dos lucros fáceis. A conta será cobrada dos trabalhadores norte-americanos e dos povos da América Latina. O neoliberalismo só tem como resultado a manutenção dos países subdesenvolvidos na condição de pobres e subordinados às nações ricas.

A crise no coração do sistema capitalista abre, entretanto, uma nova oportunidade para mostrar para milhões que o socialismo é a única saída diante da exploração capitalista que conduzirá a humanidade fatalmente à barbárie.

Hoje, há um grande interesse entre os ativistas em discutir o socialismo. No início deste século, as massas trabalhadoras questionaram os planos neoliberais do imperialismo que atacaram brutalmente seu nível de vida. Milhões foram às ruas. Uma onda de revoluções marcou o continente a partir de 2000, com o levante equatoriano e, depois, os processos revolucionários da Bolívia, da Argentina e da Venezuela.

É preciso ir além do debate cotidiano das táticas e da luta imediata. No momento em que mais uma crise econômica se inicia, é hora de começar um debate sobre estratégias, é necessário debater o socialismo. Só uma revolução social, feita pelas massas trabalhadoras, poderá derrotar o capitalismo e abrir as portas para uma sociedade sem explorados nem exploradores.

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