O debate realizado pela TV A Crítica, entre os candidatos ao Governo do Estado, foi marcado por trocas de acusações diretas e indiretas e pode ter servido de parâmetro para o eleitor definir o próximo governador do Estado. O candidato do PSTU, Herbert Amazonas, “atirou” contra todos e provocou discussões apimentadas. Gilberto Mestrinho (PMDB), Eduardo Braga (PPS), Serafim Corrêa (PSB) e João Pedro (PT) trocaram acusações. Braga ironizou os 74 anos de Mestrinho e foi rechaçado. A avenida André Araújo, onde fica a sede da TV A Crítica, foi tomada por vários carros de som cujo volume subia estrategicamente na tentativa de abafar a fala do candidato adversário. Dezenas de ônibus despejaram torcidas, principalmente da Frente Trabalhista. Os cantores Carlinho do Boi, ligado a Serafim, e Arlindo Júnior, a Braga, por pouco não brigaram.
Em discussões apimentadas provocadas pelo candidato Herbert Amazonas (PSTU), que chegou ao estúdio vestindo camisa de algodão, os principais concorrentes ao cargo de governador do Estado acabaram entrando no clima e se “digladiando” por vias indiretas e de forma muito clara em certos momentos. Sobretudo no terceiro e quarto blocos, quando os candidatos fizeram perguntas entre si.
Assim foi o debate que a TV A CRÍTICA realizou entre as 10h30 de domingo e início desta segunda-feira, ao vivo, com transmissão pela televisão e rádio para Manaus e outros 22 municípios do Estado, incluindo os de maior colégio eleitoral como Parintins, Itacoatiara e Manacapuru. Além de Herbert Amazonas, compareceram os candidatos Eduardo Braga (PPS), Gilberto Mestrinho (PMDB), João Pedro (PT) e Serafim Corrêa (PSB).
Dividido em cinco blocos, com o primeiro dedicado aos candidatos a dizerem por que queriam ser governador e, o segundo, a perguntas de jornalistas, o clima realmente começou a esquentar na terceira parte do debate, quando os candidatos puderam fazer perguntas entre si. Nesta ocasião, Mestrinho, que havia sido sorteado para fazer pergunta a Braga, questionou onde estava a verdade, já que este tinha tecido críticas contundentes em 1998 ao governador Amazonino Mendes (PFL), que também o criticou veementemente, mas, estranhamente, agora estavam juntos.
Braga, mesmo dizendo que respeitava os 74 anos e os cabelos brancos de Mestrinho, respondeu que em política, no calor do debate, é natural que as pessoas falem coisas que vêm ao pensamento. Concluiu dizendo que Mestrinho tinha sido governador três vezes e não disse ao que veio. Ao que Mestrinho arrematou dizendo que a articulação de Braga com Amazonino era apenas para enganar o povo.
Nesse mesmo bloco, Mestrinho já tinha sido cutucado por Herbert Amazonas, que o acusou de na década de 80, quando era governador, mandou a Polícia Militar bater em professores e que em 1990 repetiu a dose contra uma greve feita numa empresa do Distrito Industrial. Mestrinho se defendeu dizendo que alguns professores queriam invadir o Palácio do Governo e, por isso, foram contidos pela guarda palaciana e corrigiu Herber Amazonas ao explicar que assumiu o Governo, pela terceira vez, no dia 15 de março de 1991.
Ainda no terceiro bloco do programa, Eduardo Braga perguntou a Serafim Corrêa qual era a sua proposta para o problema dos igarapés e das pessoas que moram nele, e acabou dando ao seu adversário a possibilidade de dizer que quando era vereador propôs uma emenda que impedia que se construísse casas nas margens dos igarapés e finalizou dizendo que o problema da moradia, no seu eventual Governo, passará pelas distribuição das 12 mil casas que a atual administração tem pronta desde 1998 e até agora não distribuiu satisfatoriamente para a população.
O terceiro bloco também serviu para mostrar que o que sobrou em disposição de Herbert Amazonas para criticar os seus adversários faltou em resposta articulada e coerente. Quando perguntado por João Pedro sobre sua proposta para o setor de transporte, Herbert Amazonas disse que era favorável à municipalização do serviço “sob o controle do Estado”. Complementou a sua resposta dizendo que era favorável ao passe livre para estudante e desempregados, tendo sido advertido por João Pedro que também era necessário olhar para o transporte para o interior do Estado.
Terceiro Ciclo é criticado
O quarto bloco do debate foi também dedicado a perguntas entre os candidatos, ocasião em que Herbert Amazonas aproveitou para criticar e colocar em suspeição o programa Zona Franca Verde de Eduardo Braga, como uma espécie de programa Terceiro Ciclo, que serviu para reeleger o atual governador. Braga disse que tinha um programa, que era de prometer e fazer e que reconhecia no Terceiro Ciclo virtudes e problemas. E que tinha optado por absorver as virtudes deste programa.
Perguntado por João Pedro qual a sua proposta para a cultura, Serafim Corrêa criticou nessa área do atual Governo nessa área, que beneficia mais a capital em detrimento da periferia e do interior do Estado. “Vamos estender programas de cultura ao interior. Em Parintins, por exemplo, vamos fazer a Cidade do Boi, para gerar atividade o ano inteiro”, disse.
Por via indireta, já que a sua pergunta sobre política salarial foi feita a Herbert Amazonas, Eduardo Braga aproveitou para criticar o discurso de Mestrinho, que vem dizendo que vai reajustar salário no dia 6 de janeiro, se eleitor for. Braga disse que em dezembro de 1994, quando Mestrinho ainda era governador, o Estado tinha um orçamento de R$ 494 milhões, mas gastava apenas R$ 183 com os 79 mil funcionários que empregava. “Quando fui prefeito, pagava em média 5,1 salários aos amarelinhos”, disse.
Na sua vez de perguntar a Mestrinho, Serafim Corrêa referiu-se à forma como o governador tinha aprovado a nova lei de partilha do ICMS e pediu comentários do senador. Mestrinho respondeu que a atitude do governador era condenável e antiética, porque foi tomada em final de mandato. Na réplica, Serafim Corrêa disse que a medida não resolveria o crônico problema de falta de recursos para alavancar o desenvolvimento do interior e ligou a atitude do governador a uma clara intenção de ajudar o seu candidato, Eduardo Braga.
Achando a pergunta ofensiva, a assessoria de Braga pediu e obteve direito de resposta, o que levou o candidato da Frente Trabalhista a reafirmar a sua postura de independência e dizer que todos os candidatos ali presentes, com exceção de Herbert Amazonas, gostariam de ter tido o apoio do governador. “O próprio Mestrinho andou se intitulando o candidato do sistema”, disse, acrescentando que a sua candidatura nasceu da vontade do povo e de Deus. O que suscitou o comentário irônico de Serafim dizendo que no dia 1º de janeiro Amazonino Mendes iria para a sarjeta, já que seu candidato não se sentia honrado com o seu apoio.
O debate foi encerrado com os candidatos agradecendo a direção da TV A CRÍTICA pela iniciativa de levar ao eleitor amazonense a possibilidade de fazer a melhor escolho no dia 6 de outubro, quando ocorrerá a votação.