A direção do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) tem provocado protestos de suas correntes internas e de sua base. Não sem razão, a militância do partido começa a se manifestar contra os acordos de cúpula que a direção vem tentando fechar para as eleições de 2010.
O caso mais gritante é a possibilidade de apoio a Marina silva (PV). O Bloco Resistência Socialista, composto pelas correntes Alternativa Socialista (AS), Liberdade Socialismo e Revolução (LSR), Alternativa Revolucionária Socialista (ARS), Reage Socialista, Movimento Nascente Socialista e independentes, divulgou uma nota em que denuncia que correntes do partido que integraram o antigo e o atual campo majoritário estão negociando abertamente o apoio a candidatura de Marina Silva.
O grupo aponta que o apoio à candidatura do PV significará uma ruptura com o projeto de fundação do PSOL e aniquilará as possibilidades de fazê-lo avançar numa perspectiva classista, democrática e socialista.
O PSTU segue defendendo a formação de uma frente classista e socialista para as eleições de 2010. Esta é uma necessidade da classe trabalhadora e acreditamos que os companheiros do PSOL têm de tomar esta tarefa e não fechar nenhum acordo com a burguesia e com representantes dos patrões.
Leia, abaixo, a nota do Bloco Resistência Socialista.
A direção do PSOL planeja entregar o partido nas mãos de Zequinha Sarney do PV Você vai deixar?
A classe trabalhadora brasileira tem o direito de ter uma alternativa eleitoral em 2010
As eleições de 2010 ocorrerão num cenário complicado e numa conjuntura delicada para a esquerda socialista. Há uma profunda crise capitalista mundial e mais uma vez os trabalhadores estão pagando a conta.
No entanto, Lula conta com forte apoio da população nos marcos de uma aparente recuperação econômica e a retomada das lutas sociais ainda é limitada. Nesse contexto, os riscos de agravamento da fragmentação da esquerda e da confusão ideológica são muito grandes.
O fato do II Congresso do PSOL não ter definido uma linha clara para as eleições de 2010, numa situação em que a principal figura pública do partido decidiu não concorrer nas eleições presidenciais, agravou ainda mais a situação.
A candidatura de Heloísa Helena pelo PSOL compondo uma Frente de Esquerda seria o melhor caminho para que a esquerda socialista e combativa não desaparecesse neste cenário complicado de falsa polarização entre PT e PSDB, e falsas alternativas, como Marina Silva (PV) e Ciro Gomes (PSB).
O PSOL está numa encruzilhada e o projeto inicial de construção de um partido socialista e de luta, já desfigurado por um curso eleitoralista e de enfraquecimento da democracia interna dos últimos tempos, nunca esteve tão ameaçado.
Já é grave o fato de que Heloísa Helena e seu grupo político priorizarem uma candidatura ao Senado por Alagoas sem levar em consideração as nefastas consequências para a esquerda da ausência do nome de Heloísa nas eleições presidenciais. Mas ainda mais desastroso será abrir mão da candidatura presidencial, obstaculizar a apresentação de nomes alternativos do PSOL, inviabilizar uma Frente de Esquerda (como a de 2006) e ainda por cima favorecer uma candidatura completamente alheia ao projeto do partido e à luta dos trabalhadores como é o caso da candidatura do PV.
Desrespeito à decisão do Congresso do Partido
A decisão da Executiva Nacional do partido, apoiada por todos os seus membros, com exceção do representante do Bloco de Resistência Socialista, de adiar a Conferência Eleitoral de outubro de 2009 para março de 2010, desrespeita uma das poucas deliberações tomadas pelo Congresso!
Na ausência da candidatura de Heloísa Helena, uma candidatura alternativa do partido precisaria de tempo para ser construída. O adiamento da decisão pode sepultar a possibilidade de uma candidatura unitária da Frente de Esquerda.
Até março de 2010 corremos o risco de perder grande parte do espaço conquistado pelo PSOL até o presente momento no cenário político nacional, demonstrado pelos índices obtidos por Heloísa Helena nas pesquisas.
Marina Silva (PV) não é uma alternativa de esquerda
O mais grave de toda essa situação é o fato de que correntes do partido que integraram o antigo e o atual campo majoritário estão negociando abertamente o apoio a candidatura de Marina Silva, como tem sido divulgado pela imprensa.
Um apoio do partido a Marina significará uma ruptura com o projeto de fundação do PSOL e aniquilará as possibilidades de fazê-lo avançar numa perspectiva classista, democrática e socialista. É disso, nada mais e nada menos, que acusamos os dirigentes dessas correntes ao mesmo tempo em que chamamos a militância do PSOL a resistir.
A candidatura Marina Silva, ex-ministra e cúmplice do governo Lula por muitos anos, nada tem de socialista, pelo contrário, é uma candidatura da ordem. Ao invés de representar uma ruptura com o governo Lula, Marina Silva reivindica não só a política econômica do governo Lula, como também a de FHC!
O partido deve se armar para mostrar que o ecocapitalismo de Marina Silva não é uma saída. O PSOL também tem que desmascarar o PV, que é um partido fisiológico, uma legenda burguesa que, além de apoiar Lula, faz parte de vários governos direitistas, incluindo aqueles da direita tradicional formada pelo PSDB e DEM, além de ter o filho de Sarney como líder e ser utilizada por grandes empresários.
O apoio à candidatura da Marina Silva significará consolidar o partido como um mero instrumento eleitoral, já que a justificativa para essa aliança seria somente para manter os atuais mandatos parlamentares.
Nós somos a favor que o partido batalhe para defender seus mandatos, mas não a qualquer preço. A participação nas eleições faz parte da disputa política, ideológica e para a construção de uma alternativa socialista e revolucionária, mas essa participação tem que estar a serviço das lutas, não o contrário. Como já vimos esse filme antes, sabemos como ele termina.
Que o conjunto do partido decida sobre candidatura própria
O partido vive uma grave crise interna e uma forte fragmentação. Essa fragmentação foi agravada pelo enfraquecimento da democracia interna e dos Núcleos de Base no processo congressual. É preciso romper com esse rumo e fortalecer a democracia interna.
Por isso, a decisão sobre as eleições 2010 não pode ser tomada por acordo de cúpula entre as grandes correntes ou em uma Conferência Eleitoral impermeável à vontade da base militante do partido.
Defendemos um processo democrático amplo de consulta aos militantes do partido, onde será discutido o projeto para eleições 2010, incluindo programa, alianças, financiamento de campanha e a candidatura à presidência do país. Esse processo tem que ocorrer já esse ano, através de plenárias municipais, estaduais etc. A conferência eleitoral deve deliberar com base nos resultados dessa consulta.
Por uma candidatura socialista que unifique a esquerda
As eleições presidenciais de 2006 mostraram o espaço que existe para uma alternativa socialista de esquerda. A Frente de Esquerda, do PSOL junto com PSTU e PCB, foi importante para mostrar que existia um projeto diferente dos projetos eleitoralistas e corruptos dos demais partidos.
Já a política de alianças com partidos burgueses e governistas adotada nas eleições municipais de 2008 em muitos municípios, além da aceitação de dinheiro de grandes empresas, foi um retrocesso, que não pode ser repetido.
O PSOL precisa reafirmar uma política de independência de classe. Isso passa por reeditar a Frente de Esquerda e ampliá-la para os movimentos sociais combativos e de oposição aos governos. A nossa candidatura deve estar a serviço das lutas, incluindo a reorganização sindical e popular. Tudo isso tem que se refletir em um programa anticapitalista e socialista.
O momento de crise econômica mundial, a atuação dos governos para salvar os bancos e grandes empresas, além da questão ambiental, abre uma oportunidade importante para apresentarmos uma alternativa socialista que rompa com a lógica do mercado e do sistema capitalista.
Por isso, o programa eleitoral tem que levantar bandeiras como a suspensão do pagamento e auditoria da dívida pública, a reestatização das empresas privatizadas, a estatização das grandes empresas que receberam ajuda pública e mesmo assim fazem demissões em massa, além de outros pontos de caráter democrático, antiimperialista, anticapitalista e socialista.
Por isso defendemos: