Onze anos depois do lendário “Babylon By Gus”, rapper lança segundo álbum solo “No Princípio Era o Verbo”

Após mais de uma década do lançamento do disco que já nasceu clássico, “Babylon By Gus”, Gustavo de Almeida Ribeiro, o Black Alien, ou Mr. Niterói, está de volta. E em grande estilo. Nesse dia 3 de setembro, o rapper que fez história no Planet Hemp durante os anos 1990, lançou seu esperado segundo álbum, “No Princípio era o Verbo”, marcando seu inconfundível estilo de versos criativos e longe do lugar comum.

A longa espera foi marcada pela ansiedade e também pela tensão. Foram 11 anos em que Black Alien desceu ao inferno e, tal qual uma Fênix rediviva, renasce das cinzas com um grande disco. Foram anos de luta contra o vício e o alcoolismo marcada por internações e sucessivas recaídas. No final de 2013, Gustavo parecia que ia, enfim, retornar à ativa. Lançou um projeto de “crowfunding” (financiamento coletivo na Internet) para a gravação do novo disco, recomeçou a temporada de shows, mas seu aspecto frágil e abatido ainda assustava. E um ano depois se internava novamente numa clínica de recuperação onde ficaria nos seis meses seguintes.

“No Princípio Era o Verbo” foi escrito quase que totalmente dentro da clínica. Em meados de 2015, Mr Niteroi saía para entrar em estúdio e finalizar seu trabalho. E o resultado não deixa margem para dúvidas. A doença de Alien pode ter debilitado seu corpo, mas a mente continua afiada, fazendo versos contundentes e rimas imprevisíveis.

Criado na periferia de São Gonçalo, Gustavo começou sua carreira no SpeedFreaks, nome do projeto de Cláudio Márcio de Souza Santos, formando a dupla Black Alien & Speed. Mas se tornou nacionalmente conhecido quando subsituiu BNegão no vocal do Planet, durante a turnê de “Usuário”, disco de estreia da banda que balançou o país há 20 anos.

Após a fase do Planet, Gustavo se reinventou e lançou aquele que se tornaria um dos melhores, se não o melhor, disco de rap já gravado no país: “Babylon By Gus, Vol.1 o Ano do Macaco”, cravando como hit praticamente todas as faixas do álbum. Mas vai se decepcionar quem esperar o Black Alien de onze anos atrás. Temos agora o disco de um homem maduro, tentando ficar bem consigo próprio e o mundo, como expressa o refrão do single “Terra”: “Eu vou ficar, eu vou ficar, eu vou ficar bem“. Reflete a vida de Alien hoje, um tanto reclusa em meio a uma paisagem bucólica, longe da agitação dos grandes centros.

Mas, em meio às canções de amor, a crítica social ainda está lá, como não poderia deixar de ser. Como no início do petardo “Rolo compressor”: “Você me conhece doutor?/Se não conhece faz sentido/Eu sou o rolo compressor/Em favor do povo oprimido/Sou o rolo que amassa/O opressor do meu povo “. 

Será essa o retorno definitivo de Black Alien? Esperamos que sim. Como dizem os versos de Terra,”Hoje meus amigos/ eu lhes trago boas novas/ Diga ao povo que eu fico/ a nova aurora é agora”.

ASSISTA ao ótimo documentário sobre Black Alien