Na última sexta-feira, 18 de agosto, foi realizado um ato em Salvador, convocado por entidades do movimento negro, em defesa das cotas para negros e negras nas universidades públicas. O ato foi fruto da articulação nacional de diferentes grupos do movimento negro que convocaram diversas atividades em torno do Dia Nacional Pró-Cotas.
Na capital baiana, a manifestação começou com uma passeata, que saiu da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia e ganhou as ruas, com destino à reitoria. No Bairro da Graça, onde reside a burguesia branca da cidade, os militantes do movimento negro exigiram reparações. Nesse mesmo bairro, houve um ato em frente ao prédio do ainda “coronel” e “senhor de escravos” Antônio Carlos Magalhães.
A manifestação demonstrou toda a radicalização, principalmente da juventude negra, quando ao término do ato, a reitoria da UFBa foi ocupada e o trânsito da região foi paralisado com uma queima de pneus.
A Frente de Esquerda marcou presença no ato, com a participação dos militantes do PSTU e do PSOL, dentre eles o candidato a governador Hilton Coelho (PSOL) e o candidato a deputado federal e militante do movimento negro Lucas (PSTU).
Burocracia petista “proíbe” bandeiras e panfletos
Aproveitando-se do “sentimento” anti-partido enraizado em alguns movimentos sociais, principalmente naqueles que já sentiram na pele as traições e o aparelhamento de partidos como o PT e o PCdoB, os militantes do PT e o deputado Luiz Alberto proibiram a utilização de bandeiras e a distribuição de panfletos dos partidos políticos.
Como era de se esperar, a “proibição” só não foi válida para o próprio candidato petista, que teve seu material distribuído ao longo de toda a passeata. O PSTU não só não acata este tipo de “proibição” típica dos partidos burgueses e seus aliados, como denuncia essa prática dentro das entidades do movimento social, particularmente do movimento negro.
Racismo e violência
Logo após o ato, os militantes do PSTU flagraram uma atitude racista, quando alguns policiais revistaram dois jovens negros que caminhavam na Avenida Sete de Setembro. Um dos jovens carregava uma sacola de operadora de celulares, fato que serviu para que os policiais o revistassem e exigissem a entrega da nota fiscal do aparelho contido na sacola (em Salvador, como país afora, dois jovens negros não podem andar com um celular, pois são chamados pelos racistas de ladrões).
Na cidade, onde mais de 80% da população é formada por afrodescendentes, a discriminação racial é vista de forma contundente em cenas como a citada acima. A discriminação é vista principalmente nas periferias e favelas, onde se concentra a maioria da população negra e carente. Uma população que não tem acesso às condições mínimas de vida e sobrevivência, como moradia, saneamento básico, saúde, educação e lazer.
O sistema capitalista aproveita-se da existência de setores historicamente oprimidos para atacá-los ainda mais do que a população em geral. Para tal, procura expor esses setores a uma exploração desenfreada, para a obtenção de mais lucro. Dentre esses setores, as mulheres negras são particularmente vitimizadas pela ganância capitalista.
A luta travada pelo PSTU contra os partidos burgueses é solidária à luta dos setores mais oprimidos e explorados da sociedade capitalista. Essa tem de ser uma das bandeiras defendidas pela Frente Esquerda: contra o Estado burguês e sua elite racista.