Principal suspeita recai em policiais da Brigada Militar, por conta da defesa de estudante agredido em marçoPorto Alegre/RS – O advogado Onir Araújo, militante do Movimento Negro Unificado (MNU), em Porto Alegre, e o líder do Movimento Negro de Pelotas, Cláudio Rodrigues, estão recebendo ameaças de morte atribuídas a soldados da Brigada Militar gaúcha.
As ameaças chegaram aos dois ativistas por meio de correspondência anônima e estariam relacionadas à participação de ambos na defesa do estudante baiano Helder Santos. Em março passado, o estudante denunciou ter sido agredido por policiais militares e alvo de ofensas de cunho racista e passou a ser perseguido, sendo obrigado a deixar Jaguarão, onde estudava, e a voltar para Feira de Santana, sua cidade de origem.
O advogado suspeita que os autores das ameaças sejam os mesmos policiais militares envolvidos na agressão ao estudante e que foram denunciados pelo promotor Luiz Eduardo de Oliveira Azevedo, do Ministério Público Militar: o 3º sargento Carlos Ricardo Ávila e os soldados Alvair Ferreira Rodrigues, Osni Silva Freitas e Leandro Souza da Silva, todos acusados de agressão e injúria racial.
Araújo disse que nesta segunda-feira (13/06), pedirá ao Ministério Público Militar, a prisão preventiva dos envolvidos “cujo comportamento apresenta indícios de coação e ameaça de testemunhas, inclusive de profissionais que atuam no caso”.
Pelo correio
A ameaça a Araújo chegou na última terça-feira, pelo correio. Uma carta anônima endereçada a ele, postada na Agência dos Correios de Jaguarão, trazia os seguintes dizeres: “Se tu não pará de investigá o caso do bahiano tu vai morre. O próximo sangue será o teu! – Jaguarão”. O português propositadamente errado, segundo Araújo, denuncia a intenção de despistar a autoria.
O caso está registrado no Pronto Atendimento do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) e o material foi recolhido para a perícia.
Jaguarão
No caso das ameaças a Rodrigues, teriam partido do major José Antonio Ferreira da Silva, comandante do 3º BPAF, de Jaguarão. Por meio de e-mail o militar enviou a seguinte mensagem a Rodrigues e outros ativistas do Movimento Negro de Pelotas: “Seus amantes de negros sei que são vocês e este tal de J. S. Says que estão me queimando (…) Se vocês continuarem falando mal de mim do Sargento Avila e do soldado Osni no Caso do Helder Santos vocês vão se dar mal. O baiano já voltou pra terra dele e este assunto esta morto e encerrado. Vamos acabar com este assunto logo de uma vez e parar com este papinho de injustiça porque esse neguinho só levou uns croques da polícia e nada mais. Vamos parar com essa conversinha mole de racismo que isso é coisa de fresco”, conclui a ameaça.
O caso foi registrado por meio do Boletim de Ocorrência 14645/2011, de 03 de junho, como ameaça consumada.
Estado de Direito
O advogado disse que, além da denúncia pública, tomará todas as providências visando responsabilizar as autoridades da Segurança Pública do Estado, incluindo o próprio governador Tarso Genro (PT), que é a quem a Brigada Militar está subordinada. “O que está em jogo são princípios fundamentais que balizam o Estado Democrático de Direito”, afirmou.
Ele também já pediu ao Ministério Público Militar o afastamento do major José Antonio Ferreira da Silva, do Comando da BM de Jaguarão.