Após a libertação, grupo armado voltou ao acampamento sem-terra para dizer que `o serviço ainda não tinha sido terminado`.A concessão de habeas-corpus ao fazendeiro Adriano Chafik Luedy, assassino confesso de cinco trabalhadores sem-terra em Felisburgo (MG), deixa claro de que lado o governo está. Preso desde setembro de 2004, quando a chacina ocorreu, Chafik irá aguardar julgamento em liberdade, pois tem “domicílio comprovado“. No entanto, ele não é o único felizardo. Dos cinco criminosos presos, quatro já foram soltos.

A decisão vem ao encontro daquilo que o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio, em depoimento à agência Carta Maior, apelidou de “kit massacre”, ou seja, a novela do governo que inclui indignação, promessas de resolução dos casos e prisões de suspeitos – pouco tempo depois soltos – para conquistar a opinião pública frente a um caso de comoção social.

No fundo, o que a iniciativa mostra é a “licença para matar” dada aos latifundiários. Tanto, que segundo o coordenador do MST em Minas Gerais, Ademar Subtitz, um grupo armado voltou ao acampamento para dizer que “o serviço ainda não tinha sido terminado”.

ENTENDA O CASO
No dia 20 de novembro de 2004, cerca de 15 pistoleiros encapuzados e fortemente armados atacaram o acampamento Terra Prometida, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, deixando cinco mortos e cerca de 20 feridos. Os pistoleiros também atearam fogo aos barracos, deixando 100 famílias desabrigadas.

A área ocupada pelo MST desde 2002 faz parte de uma fazenda de mais de 2 mil hectares, dos quais 800 são fruto de grilagem e considerados pelo Instituto de Terras de Minas Gerais (ITER) e pelo Ministério Público, como terras devolutas, pertencentes aos Estado de Minas Gerais.

Na ocasião, Nilmário Miranda, secretário nacional de Direitos Humanos, classificou o crime como `inaceitável` e prometeu uma `punição exemplar`.