Publicamos trechos do manifesto de lançamento do Movimento Ruptura Socialista, impulsionado pelo PSTU parA lutar por uma nova direção para o movimento estudantil e a juventude
O movimento estudantil brasileiro entra em um novo momento. Durante a década de 90 lutamos contra os planos neoliberais de FHC e seu ministro da Educação, Paulo Renato.
Nas universidades federais foram muitas greves contra a cobrança de mensalidades, o corte de verbas, as taxas, os cursos pagos, as fundações, a falta de assistência estudantil, os ataques à autonomia e à democracia. Nas estaduais, lutamos contra os desmandos dos governadores e os mesmos planos de sucateamento e privatização.
O ensino privado cresceu muito e hoje 75% dos estudantes estão nas faculdades particulares. Lutamos contra o aumento das mensalidades e, ao mesmo tempo, sustentamos que o ensino tem que ser público e gratuito, e não uma mercadoria.
Até agora o governo Lula não vem realizando mudanças. Pelo contrário, continua implementando as medidas que tanto combatemos durante o governo FHC. Alguns dos principais ministros da área econômica são banqueiros, empresários e latifundiários. A principal reforma anunciada até agora é a da Previdência, que privatiza a Previdência pública e retira conquistas dos trabalhadores, podendo levar o funcionalismo à greve.
Devemos exigir que o governo Lula rompa com o imperialismo e os banqueiros e priorize de fato o investimento nas áreas sociais. É por isso que as entidades estudantis não podem fazer parte do governo. Seu papel é organizar as lutas pelas reivindicações imediatas e históricas do movimento estudantil.
A juventude declara guerra ao imperialismo de Bush
Milhões em todo o mundo vão às ruas para dizer não à guerra de Bush contra o Iraque.
No Brasil, a última semana foi marcada por mobilizações estudantis em várias cidades do país. Está claro para todos que o motivo da guerra não são as armas de destruição em massa de Saddam, mas o controle do petróleo do Iraque.
A ONU, de pretensa defensora da paz, na verdade cumpriu o papel nefasto de desarmar os iraquianos. A divisão na ONU não passa de uma briga de comadres para ver quem ganha mais com a invasão do Iraque.
Continuar mandando dinheiro para os EUA só servirá para financiar as bombas que massacram o povo iraquiano. Devemos exigir de Lula que rompa relações diplomáticas e comerciais com os EUA, deixe de pagar a dívida externa, rompa as negociações da Alca e os acordos com o FMI e ajude o povo iraquiano contra a ocupação imperialista.
A Alca é a guerra aqui
Na América Latina o imperialismo promove um outro tipo de guerra: além das bases militares que cobrem o continente e das tentativas de golpe na Venezuela, o imperialismo quer impor a Alca. A Alca acaba com a soberania dos nossos países, retira direitos dos trabalhadores e visa transformar a América Latina numa colônia dos EUA.
Até agora o governo Lula está mantendo o Brasil como co-presidente da Alca, e está negociando as propostas de abertura da economia brasileira aos EUA. Enquanto os EUA promovem a guerra contra o povo do Iraque, o governo brasileiro negocia com o imperialismo. Isso precisa mudar!
Lula precisa sair das negociações da Alca e realizar o Plebiscito Oficial para que o povo decida se o Brasil deve ou não virar uma colônia.
Ô Lula, eu quero ver, o Plebiscito contra a Alca acontecer!
Revogar a reforma educacional de FHC
10% do PIB para Educação já!
No movimento estudantil existe muita expectativa no novo governo. Mas também muita disposição de luta.
Queremos que a educação pública deixe de ser sucateada. Queremos o fim do ensino pago e ensino público e gratuito para todos, o que só é possível com investimento maciço e com a revogação da legislação educacional de FHC, que privatiza as universidades públicas e garante liberdade total para as instituições privadas.
Mas se o governo Lula continuar respeitando os acordos com o imperialismo, as mudanças que queremos na educação estão inviabilizadas. Por isso, devemos exigir de Lula e de seu ministro da Educação, Cristóvam Buarque, que atendam as reivindicações dos estudantes. Mas isso não é o bastante. É necessário organizar a luta desde já para garantir o atendimento de nossas reivindicações.
UNE democrática e de luta ou governista?
Em junho acontece o 48º Congresso da UNE. Neste congresso a UNE vai estar colocada diante de um enorme dilema: levantar as reivindicações do ME e estar na linha de frente da luta por estas reivindicações, ou se tornar um braço do governo no movimento estudantil.
A maioria das correntes que compõem a UNE hoje está disposta a compor, sustentar e defender o governo Lula, mesmo que suas medidas se choquem com o movimento estudantil.
Não é à toa que o presidente da UNE faz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, um órgão composto majoritariamente por empresários e que tem como tarefa discutir as reformas previdenciária, tributária e trabalhista para depois enviar ao Congresso Nacional. A UNE, ao participar do Conselho, passa a legitimar estas medidas.
Além disso, a principal campanha da UNE com o MEC será a do Analfabetismo Zero, que é baseada no trabalho voluntário, assim como o Amigos da Escola de FHC. Propor erradicar o analfabetismo desobrigando o Estado com o financiamento da Educação não passa de conversa fiada.
É uma tarefa de todo o movimento estudantil impedir que sua entidade se transforme em um braço do governo. É preciso desde já organizar um novo movimento de oposição com todos aqueles que querem uma UNE democrática, de luta e independente do governo.
Esquerda do PT deve romper com a Articulação e formar bloco socialista
Boa parte dos militantes do PT não concorda com os rumos que vem tomando o governo Lula. Muitos criticam a política econômica, os acordos com a burguesia e percebem que, do jeito que as coisas vão, não haverá mudanças. Mas as correntes da esquerda do PT estão preparando um acordão com a Articulação, corrente hegemônica do partido.
É uma vergonha que a esquerda do PT apoie Lula incondicionalmente e se alie à Articulação, que nem mesmo é oposição na UNE. Fazemos um chamado à esquerda para que rompa com essa política e venha discutir um programa comum para conformarmos uma oposição de esquerda e socialista na UNE!
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