O oitavo Congresso Estadual da CUT Minas Gerais aconteceu em Belo Horizonte, entre os dias 8 e 10 de maio, e reuniu 400 delegados. A Articulação pressionou as demais forças políticas com o objetivo de formar uma chapa única. O argumento principal era o de reunificar a CUT em Minas, já que o último congresso não havia se realizado devido às inúmeras fraudes, todas de responsabilidade da Articulação. Outro motivo importante era isolar o MTS – Movimento por uma Tendência Socialista – que vinha defendendo a necessidade de conformação de um bloco de esquerda na CUT.

Debate sobre o governo polariza já na abertura

O atual delegado regional do Trabalho e ex-presidente da CUT Minas, Carlos Calazans, fez uma defesa apaixonada de toda a política do governo Lula e da necessidade de apoio à reforma da Previdência para atacar os “privilégios de alguns setores e categorias”.
Já o representante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Ademar Schultz, comparou os setores que compõem o governo Lula a dois animais. De um lado, o setor representado pelos “gambás”, composto pela direita “fedorenta”, entre eles representantes do latifúndio, como o ministro Roberto Rodrigues e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. De outro, o setor representado pelos “cordeiros”, que não enfrenta a direita, se acovarda e corta as verbas sociais do Orçamento para alimentar o pagamento da dívida externa, o que faz com que a reforma agrária não saia do papel.

Ainda que reivindicando o governo, o representante do MST fez uma defesa enfática da necessidade da ruptura com a Alca, contra a autonomia do Banco Central e contra a utilização dos transgênicos.

Bloco de Esquerda garante envio de posições ao CONCUT

Mesmo com todas as limitações impostas pelo regimento, pela péssima data escolhida para a realização do congresso, sem grupos de discussão, o debate ocorreu em plenário.
E o destaque foi a conformação de um bloco de esquerda que lutou contra as posições políticas da Articulação. Mesmo com teses diferenciadas, os vários setores da esquerda votaram juntos em diversas polêmicas ou se abstiveram, quando não havia acordo global com o texto. Isso garantiu o envio das posições críticas ao CONCUT.

Articulação é derrotada e tenta golpear o Congresso

Desse acordo, surgiu a chapa “Construir a CUT de luta, classista, democrática e independente dos governos”, composta pelo MTS, Corrente Sindical Classista, CSD, TM Sindical, pela tese “Fortalecer a CUT” (O Trabalho e sindicalistas do serviço público federal) e, ainda, pelos delegados do PCO.

A chapa foi encabeçada pelo sindicalista José Antônio de Lacerda, o Jota, operário gráfico da CSC. Os pontos centrais defendidos pela chapa foram: a defesa da autonomia e independência da CUT frente ao governo; a luta contra todas as reformas que retirem direitos dos trabalhadores e o engajamento na luta contra a reforma previdenciária; a defesa da democracia na central e o compromisso de democratização da gestão da CUT em Minas; contra a participação da CUT no pacto social; contra a entrada do Brasil na Alca e participação na campanha do plebiscito oficial e contra a autonomia do Banco Central.

A conformação desta chapa significou uma enorme derrota da Articulação.
Lamentavelmente, mais uma vez, os dirigentes da Articulação colocaram em risco a unidade da CUT no estado. Da votação para a escolha da diretoria participaram 390 delegados. No entanto, apenas 389 votos foram apurados, faltando, portanto, um voto de acordo com a lista. A Chapa 1, da Articulação, obteve 190 votos, enquanto a Chapa 2, do Bloco de Esquerda, obteve 189 votos. Os outros 10 votos se dividiram entre nulos e brancos.

Antes que a conferência final dos votos fosse realizada, um representante da Articulação tomou o microfone para anunciar o “resultado”, dando vitória à sua chapa. Só que, além de faltar um voto a ser apurado, a chapa do Bloco de Esquerda havia apresentado um recurso para que um dos votos anulados fosse dado a sua chapa, porque no voto era clara a intenção de votar na oposição, apesar de ter sido escrito no lugar errado.

Um grande tumulto se instaurou. Os representantes do Bloco de Esquerda pediram a recontagem dos votos, o que foi negado pela Articulação, apesar dos três dirigentes da Executiva Nacional da CUT no plenário.

Quando fechávamos esta edição, a Direção Nacional da CUT e a Comissão Organizadora do Congresso realizaram a recontagem dos votos. O voto que faltava foi para a Chapa 2. E o que foi indevidamente anulado, apesar da Articulação não querer reconhecer, é também da oposição. Com isso a chapa vencedora é a Chapa 2, do Bloco de Esquerda.
Para Boaventura Mendes, militante do PSTU e representante do MTS na Executiva da CUT Minas Gerais, “o caminho apontado no congresso de Minas deve ser seguido no CONCUT. A esquerda precisa se unificar num bloco, que se contraponha à política do setor majoritário e recoloque a CUT na luta em defesa dos direitos dos trabalhadores.”

Resultados

SC

Articulação e CSC – 154 votos – 62%
OT, FS, AE e CDS do PT – 46 votos – 18,37%
MTS, Oposição Alternativa professores, prestistas, independentes – 45 votos – 18,36%

MG

Construir a CUT de luta, classista, democrática e independente dos governos
(MTS, CSC, CSD, TM, OT, PCO) – 191 votos
Articulação – 190 votos
*A partir de recontagem na CUT Nacional

PB

CSC, CSD e FS – 70,86%
Articulação – 17,8%
Movimento CUT – 7,3%
MTS – 3%

CE

CSC, TM, OT, CSD, MTS – 65,65%
Articulação – 34,35%

PE

Articulação, CSC e CSD – 70,02%
OT, ASS, AE – 24,22%
MTS – 5,75%

DF

Unidade na Luta (Articulação) – 100 votos
Articulação – 82 votos
CSC, MTS e PCO – 19 votos
Chapa Marcos Pato (Articulação) – 19 votos

Post author Cacau,
de Belo Horizonte – MG
Publication Date