A Câmara Municipal de Aracaju (SE) aprovou, na tarde desta segunda-feira (21), um novo aumento na tarifa de ônibus da cidade. O valor, que até então era de R$ 2,70, aumentou para R$ 3,10. Um acréscimo de quase 15% no custo do transporte coletivo, uma das principais e mais básicas necessidades da classe trabalhadora, já atingida pela crise econômica que assola o país e pelos ataques do governo Dilma-Temer (PT-PMDB) com o seu ajuste fiscal, feito para salvar os banqueiros da crise que eles mesmos causaram.

Sabendo do absurdo que era essa medida, os vereadores realizaram a votação no último dia de sessão do ano, a apenas três dias do Natal, para pegar a população desprevenida e desmobilizada. Apesar disso, movimentos estudantis e da juventude se organizaram em uma frente de luta contra o aumento da passagem, que contou também com a juventude do PSTU e a Anel. Eles realizaram um ato contra o aumento em frente à Câmara, onde permaneceram desde às 8h da manhã até o fim da votação, pressionando os vereadores a não aprovarem mais esse ataque aos trabalhadores.

O ato encontrou forte repressão por parte da Prefeitura, através da Guarda Municipal de Aracaju, que deslocou um grande efetivo de agentes para a entrada da Câmara e barrou a entrada dos manifestantes. Quando os jovens estenderam faixas com frases contra o aumento em frente ao local, os guardas tentaram expulsá-los com violência, avançando contra os manifestantes e derrubando uma militante do PSOL e do Movimento RUA no chão. Manifestamos nossa solidariedade à companheira agredida e nosso repúdio à truculência e a militarização da Guarda Municipal, que tem sido uma das armas da gestão de João Alves Filho (DEM) e seu vice José Carlos Machado (PSDB) para conter os movimentos sociais em Aracaju nos últimos anos.

A votação foi realizada apenas um dia depois da chegada do projeto à Câmara, sem qualquer apreciação ou participação popular. Esse método não é nenhuma novidade por parte dos vereadores, que nos últimos anos já se acostumaram a votar a toque de caixa os projetos de interesse das empresas de ônibus, grandes financiadoras das suas campanhas. Além do aumento, nessa mesma sessão, foi aprovada pelos mesmos vereadores que aumentaram o preço da passagem uma redução dos impostos pagos por essas empresas. Ou seja, elas passam a gastar menos e ganhar mais. Tudo numa tacada só.

Dos 24 vereadores, 10 foram a favor do aumento: Adriano Taxista (PSDB), Agamenon Sobral (PHS), Augusto do Japãozinho (PRTB), Dr. Agnaldo (PR), Dr. Gonzaga (PMDB), Dr. Manuel Marcos (DEM), Ivaldo José (PSD), Renilson Félix (DEM), Valdir Santos (PTdoB) e Vinicius Porto (DEM). Dois se abstiveram: Adelson Barreto Filho (PSL) e Jailton Santana (PSC). E três nem sequer participaram da sessão, ainda que as informações fossem de que estavam presentes na Câmara: Anderson de Tuca (PRTB), Bigode do Santa Maria (PMDB) e Daniela Fortes (PR).