Ocupação na São João, centro de São Paulo
FML

Estão realizando uma verdadeira operação de higienização sócio-racial e de criminalização da pobreza, privilegiando a especulação imobiliáriaO PSDB e o PSD continuam demonstrando que tem raiva de pobres e que pretendem “limpar” o centro da cidade de São Paulo dos setores mais explorados, visando revalorizar os imóveis e impulsionando a especulação imobiliária.

Depois da Favela do Moinho e do Pinheirinho, esta semana foi a vez de colocarem na rua as famílias que ocupavam o prédio da esquina da Avenida Ipiranga com a São João, deixando mais de 400 pessoas sem lugar para morar. E prepara a desocupação de um prédio na Conselheiro Nébias no dia 9 de fevereiro.

Cerca de 230 famílias ocuparam o prédio de três andares na famosa esquina há três meses; o imóvel estava abandonado há cinco anos. Segundo moradores, antes da ocupação o prédio era lotado de entulho, além de ser infestado por ratos e baratas, mas eles limparam tudo.

Frente a truculência do efetivo policial a mando do poder judiciário, aos moradores restou protestar nas janelas do prédio, gritando palavras-de-ordem e batendo garrafas de plástico. Os moradores se retiraram pacificamente.

A grande imprensa, defendendo os interesses do governo do estado e do capital imobiliário , cumpriu seu papel noticiando mais uma mentira: de que no local só moravam usuários de drogas e prostitutas.

Após saírem do prédio as famílias armaram um barraco improvisado onde pretendiam ficar pois não têm para onde ir. Mas logo a Guarda Municipal, cumprindo seu papel de polícia auxiliadora do estado, apareceu para desmontar os barracos das famílias que ocupam a calçada.

Agora as famílias estão na calçada com os seus pertences sem ter para onde ir. Pois, além de tudo, o poder judiciário cassou a liminar que obrigava o atendimento habitacional definitivo aos ocupantes pela prefeitura.

Kassab e Alckmin seguem o Plano Diretor Estratégico de São Paulo, que coloca como um dos seus objetivos mais importantes repovoar a área central, como se já não tivesse povo morando no centro. Só que este povo é pobre, então o plano é exterminá-lo e trazer moradores de alta renda para o centro.

A fracassada ‘Operação Sufoco´
Já fazem 30 dias que ocorreu a equivocada “Operação Sufoco” (como ficou conhecida) na Cracolândia. E já anunciam que a Cracolândia acabou! Uma retumbante piada.

A “Cracolândia” não acabou, mas se espalhou pela cidade. Isso porque o crack, a pobreza e a população em situação de rua andam juntos. O abandono social vem antes do crack, por isso a política social tem que preceder qualquer ação junto a essa comunidade. Sem isso, qualquer política de combate ao uso da droga tende ao fracasso.

Mas esta desastrada operação foi levada a cabo pois o objetivo real é “limpar” pessoas e moradores para a construção do projeto “Nova Luz”. Ele prevê a concessão por 15 anos de área de 529 mil metros quadrados para um grupo imobiliário. Serão desapropriados imóveis e, depois de valorizados, vendidos para a obtenção de vultuosos lucros. Será a primeira desapropriação privada da história do país.

E para coroar tudo isso, Kassab vai tentar construir sua aliança com o PT às custas do patrimônio público, cedendo uma área para a instalação do “Instituto Lula”. A área se localiza na rua dos Protestantes, dentro do perímetro da concessão urbanística da Nova Luz.

Melhorar as condições de moradia em São Paulo
O PSTU está junto dos movimentos sociais pela luta pela moradia e nossa pré-candidatura à prefeitura de São Paulo denuncia que os atuais governos do estado e do município não tem políticas públicas de moradia para os trabalhadores de baixa renda. São Paulo está à mercê da especulação imobiliária.

Melhorar as condições de moradia das populações de baixa renda nas cidades brasileiras é fundamental para a vida das pessoas. Todos devem ter acesso à moradia em bairros seguros, com boas escolas, postos de saúde, redes de água eficientes, disposição adequada de resíduos sólidos e esgotos e transporte coletivo de qualidade.

É necessário que a cidade tenha políticas urbanas e habitacionais que beneficie os pobres e todos os que vivem em situações vulneráveis, e não para estimular o mercado. Precisamos ter como estratégia a provisão de terras urbanas adequadas. Nesses espaços, devem ser produzidos empreendimentos habitacionais com alta qualidade arquitetônica e diversidade tipológica que atendam às necessidades da população de baixa renda.

Enfim que seja um instrumento para efetivar direitos sociais, construir justiça e equidade social.

Movimento vai às ruas protestar
Os movimentos sociais estão reagindo. A luta dos moradores do Pinheirinho em São José dos Campos (SP) colocou na capa dos jornais a luta pela moradia e trouxe à luz as condições de vida na cidade de São Paulo.

As manifestações se seguem na cidade e a próxima ocorrerá no dia 11 de fevereiro com a “Marcha Contra o racismo, a Higienização Sócio Racial e a Criminalização da Pobreza”, com concentração às 14h na Praça do Metrô Santa Cecília.

Ações como da Cracolândia, Moinho, Pinheirinho e agora no prédio da São João atacam a população pobre e negra. O PSTU estará presente, com suas bandeiras apoiando mais esta luta.

*Ana Luiza é pré-candidata do PSTU à prefeitura de São Paulo