Governo e o Metrô demitem 23 metroviários às vésperas do Natal

O governador Geraldo Alckmin e o Metrô entraram com uma medida cautelar contra a liminar que tinha reintegrado 10 metroviários e metroviárias, ganhou e demitiu estes 10 há um mês. Depois, entrou com outra medida cautelar contra a reintegração de 23 que também tinham sido readmitidos. O governo entrou com a mesma juíza que, rapidamente, deu ganho de causa para a empresa, para o governador, contra os 10 e agora contra os 23.

Esta juíza, com a benção do governador, deu em tempo recorde ganho de causa para a empresa e os carrascos do governo. Para deleite do governo e de seus lacaios bem remunerados, o Metrô também conseguiu correr com todos os trâmites burocráticos com a graça da juíza e demitiu, no dia 24 de dezembro, véspera de Natal, os 23 que tinham sido reintegrados ao trabalho.

Os 23 companheiros foram informados aos poucos. Alguns estavam trabalhando e alguns chefes, sonhando com postos mais altos, tentaram pisar em cima dos demitidos, chegaram a falar: “Ei, saiu a cassação da sua liminar, pára tudo que você está fazendo, bata seu cartão e saia daqui neste instante, já pra casa”. Tudo com um sorriso indisfarçável no rosto de besta-fera sedenta pelo sangue alheio.

Eles podem gargalhar na ceia de Natal com pernil entalado na garganta, com os bolsos cheios de dinheiro, procurando o puxa-saco mais próximo para rir e acreditar nas suas mentiras. Eles podem se dar ao luxo de terem bons amigos em todas as esferas do poder, serem amigos das grandes empresas daqui e das multinacionais, tudo muito bem regado a milhões nas suas taças. Podem até se dar ao luxo de terem serviçais que nem conhecem, e talvez nunca conheçam dentro da empresa como o Metrô, para dar cor de sangue ao vinho que bebem quando, de forma covarde, nojenta, vil, se aproveitando do micro poder de “menino de recado” dar a notícia da demissão em tom de alegria macabra.

Eles podem jogar fogos de artifício com as armas da Tropa de Choque, com suas bombas de efeito moral, como as que jogaram nesse dia 23 para desocupar mais de 300 famílias num terreno “oficialmente” da USP que estavam tentando achar um cantinho pra morar, muitos terceirizados da própria USP. A gargalhada sem câmeras de TV por perto deve ter ecoado no palácio do governo assim como o cheiro de enxofre.

O que eles nunca terão é a alegria verdadeira dos que lutam e também sofrem, daqueles que se olham e vêem no rosto do outro ao seu lado um olhar de camaradagem, de solidariedade, de amor, mesmo na hora da dor. Os de lá e seus lacaios verão o rosto do próprio espelho, da macabra sensação de falsidade, de ódio, de podridão. Alckmin comerá seu peru rindo dos desalojados da USP, dos demitidos do metrô, de cada favelado que leva bala nem um pouco perdida, falará pros seus: “Estão ouvindo, as renas com suas sirenes e os carrascos na noite de Natal, estão trabalhando pra mim, eu que comando eles”, e todos darão gargalhadas volumosas feito hienas.

Companheiros e companheiras, a resistência continua contra o pacote de maldades deste governador e do Metrô, que ainda se vê envolvido nas denúncias de corrupção feitas pelo Ministério Público.

Vamos nos organizar, chamar uma assembleia e preparar nossa luta. Precisamos que cada metroviário saiba o que ocorreu e que a indignação se dê de forma organizada para melhor combater os algozes. Vamos fazer um panfleto o mais rápido possível para denunciar, produzir mais bottons pela “Readmissão Já”, buscar unidade dos trabalhadores e preparar os próximos passos.

Vamos à luta, a readmissão de cada metroviário é uma luta de todos nós.

*Presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo