Após a Grécia ter decretado um brutal pacote de cortes e arrocho fiscal, que levou o país à beira da convulsão social, chegou a vez da Espanha. Nesse dia 12 de maio, o presidente José Luiz Zapatero divulgou um conjunto de medidas para reduzir o déficit público do país, em que o próprio classificou como “medidas duras, sacrifícios e esforços importantes”.

Assim como no resto da Europa, onde os governos impõem duras medidas de contenção de gastos, o pacote tem como principal alvo os serviços públicos, os trabalhadores e os direitos sociais.

Entre as medidas estão a redução de 5% dos salários dos servidores públicos, com o congelamento dos valores após 2011, congelamento das aposentadorias e o fim de direitos sociais como a ajuda para os casais com recém-nascidos. Além disso, o pacote prevê a redução nos investimentos do Estado na ordem de 23 bilhões de dólares. Ao todo, os cortes devem produzir uma economia equivalente a 60 bilhões de dólares.

Ataques
O objetivo do governo espanhol é reduzir o déficit dos atuais 11% para 3% até 2013. Ou seja, assim como na Grécia, o pacote indica apenas o início de uma longa série de cortes e ajustes fiscais. Tão logo o governo espanhol divulgou o conteúdo do pacote, o FMI elogiou a iniciativa e prontidão de Zapatero.

A medida, porém, foi concretizada após uma pressão direta do imperialismo europeu e norte-americano sobre o governo, o que enfatizou ainda mais a posição subalterna da Espanha no marco da União Europeia. O próprio presidente dos EUA, Barack Obama, ligou pessoalmente para o presidente espanhol, pressionando-o a adotar medidas duras contra o déficit.

O governo de Zapatero já havia anunciado medidas como a elevação da idade mínima para aposentadoria, o aumento de impostos e uma nova reforma trabalhista que facilitará as demissões e os contratos precários por tempo determinado.

Agora, o pacote de cortes sem precedentes na história do país deve aprofundar ainda mais a crise social que aflige os trabalhadores espanhóis. A Espanha é o país com uma das maiores taxas de desemprego no continente, que supera os 20%, um contingente de 4,6 milhões de trabalhadores sem emprego. Deve ainda derrubar o PIB espanhol, que no primeiro trimestre do ano teve crescimento de apenas 0,1%, após dois anos de recessão.

Resistência
Assim como na Grécia, porém, os trabalhadores espanhóis não estão dispostos a pagar por essa crise. Tão logo o pacote de ajuste foi divulgado, centrais e sindicatos começaram a organizar mobilizações contra as medidas e, no próximo dia 2 de junho, deve ocorrer uma greve geral do funcionalismo público contra o governo.

Se os governos da Europa insistem em aplicar a mesma política neoliberal, nas ruas, os trabalhadores preparam a mesma resistência.

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