Manifestantes denunciam caráter do programaNesta quarta, dia 08 de julho, por volta das 14h, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) realizou uma manifestação em frente a residência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo (SP). A manifestação conta com a participação de mais de 300 famílias de diversos acampamentos do estado.

Cinco pessoas passaram a noite acorrentadas em frente ao prédio do presidente. Na manhã desta quinta-feira, o grupo permanecia no local. Guilherme de Castro, da coordenação estadual do MTST, afirmou à Agência Brasil que os manifestantes permanecerão acampados até que o governo atenda as reivindicações. “Enquanto o governo não nos der atenção, vamos ficar aqui.”

O grupo denuncia o descaso do governo nas políticas para movimentos sociais, e a ineficiência do programa “Minha Casa, Minha Vida”. O MTST reivindica do governo:

1 – Desapropriação de terrenos ocupados pelo MTST. Em especial o terreno da ocupação Zumbi dos Palmares em Sumaré, que está ameaçado de despejo.

2 – Regularização fundiária do assentamento Anita Garibaldi para mais de 2000 mil famílias.

3 – Agilidade burocrática para as famílias do Acampamento Carlos Lamarca, a mais de 5 anos esperando resposta do governo.

4 – Participação ativa do governo federal nas negociações do MTST em todas as regiões e Estados onde o MTST está presente.

O grupo pede a solidariedade dos movimentos sociais, sindicatos e trabalhadores, convocando todos a participar do protesto. A casa de Lula fica na Av. Francisco Prestes Maia, 1501, no Centro, São Bernardo do Campo.

Leia a “CARTA AO PRESIDENTE LULA” assinada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.

CARTA AO PRESIDENTE LULA

Estamos aqui porque não temos casa para morar. Representamos milhares de famílias que estão em luta por uma moradia digna. Muitos de nós estão ameaçados de despejo, outros esperam há anos a construção de casas que foram prometidas. Temos participado de negociações e mais negociações, sem que haja solução para nosso problema.

Quando foi lançado o Programa “Minha Casa, Minha Vida” pensamos que seria enfim a oportunidade de conseguirmos nossas casas. Mas o que temos visto nos desanima. As construtoras, que tanto já ganharam em cima de nosso suor, só têm apresentado projetos para pessoas de renda média e alta. As 400 mil casas que foram prometidas para as famílias que, como nós, recebem menos de 3 salários mínimos, representam apenas 6% do déficit habitacional nessa faixa. Sem contar que já há mais de 2 milhões de cadastrados no país; e isto apenas considerando os municípios que abriram inscrição. Assim, vemos nosso sonho cada vez mais distante. E, o que é pior, despejos cada vez mais próximos.

Representamos 1.400 famílias da Comunidade Zumbi dos Palmares, em Sumaré, que estão com o despejo marcado para daqui a poucas semanas, sem que o poder público ofereça qualquer alternativa. Representamos 2.000 famílias da Comunidade Anita Garibaldi, em Guarulhos, que convivem com o fantasma do despejo e não encontram perspectiva para regularização do assentamento. Representamos 160 famílias da Comunidade Carlos Lamarca, em Osasco, que há sete anos esperam suas casas, sendo jogadas de um canto a outro como animais. Representamos ainda milhares de famílias das Comunidades João Cândido, Chico Mendes e Silvério de Jesus, espalhadas por Taboão, Itapecerica da Serra, Embu e Zona Sul de São Paulo, que há vários anos esperam o cumprimento de acordos firmados para terem acesso a suas casas. E estes não são todos os casos. Nossos irmãos de Manaus (AM), Boa Vista (RR) e Belém (PA), dentre outros, têm convivido com o descaso dos despejos.

Já estivemos ao longo destes anos inúmeras vezes na Caixa Econômica Federal e no Ministério das Cidades, além de Governos Estaduais e Prefeituras. Nada se resolveu. O que temos recebido de mais concreto são despejos. Por isso, hoje estamos aqui, acorrentados, num pedido ao Presidente Lula para que resolva essa situação, para que nos ajude a evitar os despejos e conseguir nossas casas.

MORADIA SIM, DESPEJO NÃO!

São Bernardo do Campo, 8 de julho de 2009.

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM-TETO (MTST)