Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O presidente Lula chegou ao Rio nesta quinta (10) e tem intensa agenda na cidade, sendo as principais atividades o início das obras do anel viário de Campo Grande e o lançamento do Novo Programa de aceleração do Crescimento (Novo PAC). O prefeito Eduardo Paes está empolgado com a presença do presidente e usa a visita como palanque eleitoral na disputa pela prefeitura do próximo ano. Em áudio para seus secretários, Paes diz que “não há nada mais importante essa semana do que essa visita do presidente da República”. O objetivo é nítido, aproveitar o investimento em obras – que, diga-se de passagem, é extremamente insuficiente para resolver os problemas da cidade – para se promover.

Paes: propagandeia bonança para esconder o caos na cidade do Rio.

O prefeito do Rio é ótimo em fazer autopropaganda. Usa a visita de Lula para aparecer como um ótimo gestor e também com o objetivo de amarrar ainda mais sua política para a eleição do próximo ano, a construção de uma frente ampla. Mobiliza toda a máquina de governo para festividades e aparecimento para as câmeras.

No entanto, a realidade do carioca contrasta com o clima de festa. Seja pela violência cotidiana que assola o povo do Rio que, nos últimos dias, ganhou contornos ainda mais dramáticos com a morte a tiros pela polícia de Thiago Menezes, um menino de 13 anos, numa operação policial na Cidade de Deus. Bom mencionar que o governador Cláudio Castro, responsável direto e árduo defensor da nefasta política de segurança pública, estava no evento dessa quinta de inauguração das obras do anel viário de Campo Grande. Seja pelo caos nos serviços como saúde, educação e transporte.

Além do impacto dos conflitos armados que fecharam inúmeras escolas e unidades de saúde devido a tiroteios, existe um déficit de cerca de 70 equipes de médicos da família na cidade e grande parte das escolas da rede municipal possuem problemas estruturais, afetando a vida de alunos e profissionais de educação. Ainda tem o caos nos transportes: tarifas altas, ônibus superlotados, muitos caindo aos pedaços. Não à toa, um dos temas que Paes mais destaca na visita de Lula é a verba destinada ao BRT. As medidas anunciadas não resolvem os problemas dos trabalhadores da cidade e preservam e até estimulam os lucros dos ricos e poderosos, isso fica nítido no anúncio do acordo entre a prefeitura e a Caixa para a retomada das obras do projeto Porto Maravilha, que beneficia a especulação imobiliária, enquanto a população em situação de rua só aumenta: são cerca de 8 mil pessoas nessa situação, um aumento de mais de 8% em relação a 2020.

Lula, PT e a eleição municipal em 2024.

No evento de inauguração das obras do anel viário de Campo Grande, Lula defendeu coisas que vão na contramão dos interesses dos trabalhadores e do povo pobre. Ao comentar sobre o assassinato do menino Thiago Menezes, disse que a culpa do ocorrido é exclusivamente do despreparo do policial que efetuou os disparos, enalteceu o papel da PM do Rio e isentou a responsabilidade do governador Cláudio Castro. Além disso, quando Castro foi anunciado no evento, houve vaias do público, e Lula, junto a Paes, prontamente saíram em defesa do governador.

O papel que o PT cumpre desmoraliza nossa classe. Integra o governo de Paes e praticamente está decidido que estará na chapa do atual prefeito na eleição municipal em 2024. Tainá de Paula, vereadora licenciada do PT e atual secretária de Meio Ambiente e Clima de Eduardo Paes, fez convocação pública entusiasmada para os eventos, o que confirma o compromisso político entre esses setores. Essa postura de proximidade política de Paes e as relações com o próprio Cláudio Castro só reforçam o papel cumprido pelo PT em defender os interesses de frações da classe dominante, postura que abre espaço para a ultradireita – que tem no bolsonarismo sua maior expressão – ganhar as pessoas, inclusive da classe trabalhadora, para seu projeto totalitário.