Secretaria Nacional LGBT
Felipe Fernandes e Tiago Silva, Natal (RN)
Dia 31 de março é o Dia Internacional da Visibilidade Trans. Essa data é importante para fortalecermos a luta contra o preconceito e reafirmarmos que a luta das pessoas transexuais trabalhadoras é internacional.
O capitalismo utiliza as opressões para nos explorar mais. As pessoas trans, por exemplo, estão nos empregos mais precarizados e ganhando os menores salários. Sofrem muitas vezes assédio nos locais de trabalho, pois os patrões submetem nossa classe às condições de trabalho mais degradantes, para aumentar seus lucros. Ainda, devido à trabsfobia, são expulsas de casa, da escola e têm dificuldades de se relacionar afetivamente. Muitas não concluem o ensino médio e são, então, forçadas a se prostituir.
O Brasil é líder em assassinatos de transsexuais. Em 2019, 124 pessoas trans foram mortas no país. Aqui, a expectativa de vida desse grupo é 35 anos, metade da média nacional. A maioria dos casos apresenta requintes de crueldade.
Nos nossos vizinhos latino-americanos não é diferente. Em San Salvador, capital de El Salvador, por exemplo, Anahy Rivas, de 25 anos, foi arrastada ao longo de cinco quilômetros no dia 26 de outubro do ano passado. Ela exercia a prostituição e os criminosos solicitavam seus serviços.
Em Honduras, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos (Conadeh) registrou 325 homicídios de LGBTs entre 2009 e 2019. O México é o segundo país que mais mata LGBTs. De acordo com relatório da Letra S, 48% das mulheres trans assassinadas são atacadas na rua.
Todos os governos atacaram as LGBTs. A ex-presidente Dilma (PT) chegou a divulgar a “Carta ao povo de Deus”, para conseguir apoio da bancada evangélica para governar. Seu governo usou também nossos direitos como moeda de troca e não aprovou o kit anti LGBTfobia. O PT cooptou também os movimentos de opressões concedendo cargos, para conter explosões sociais.
O governo Bolsonaro oprime e explora ainda mais as LGBTs. Sua reforma da Previdência vai penalizar ainda mais as LGBTs trabalhadoras que estão nos empregos mais precarizados e sem carteira assinada.
Lutar contra a opressão e a exploração
Nesse sentido, a luta contra o capital deve ser combinada com a luta contra as opressões. É impossível unir nossa classe sem combater o racismo, o machismo e a LGBTfobia. Essas ideologias só servem para nos jogar uns contra os outros.
Todas as LGBTs trabalhadoras devem se organizar e lutar por suas demandas democráticas. Não podemos depositar esperanças no parlamento, no Congresso Nacional, nem na Justiça burguesa, pois essas instituições defendem apenas os interesses dos ricos.
Para acabar com a transfobia é preciso construirmos um novo modelo de sociedade, sem pressão e exploração, uma sociedade socialista.
Temos que seguir o exemplo da Revolta de Stonewall, grande levante LGBT que ocorreu em Nova York, em 1969. Ele foi liderado por transexuais negras, latinas e imigrantes. Outra inspiração é nossa companheira Maria Aurora, morta por esta sociedade transfóbica. No dia 11 de março completaram-se 2 anos de sua morte. Ela construía o PSTU e a CSP-Conlutas, e lutava pelo socialismo.