Marina Cintra, de São Paulo (SP)

Nessa última semana, aconteceu na Argentina uma importante luta de caráter internacional contra o G20. A juventude do PSTU do Brasil esteve presente e a partir desse relato gostaríamos de expor nossas conclusões desse processo.

De acordo com as definições dos burgueses, o G20 é um grupo econômico das maiores economias do mundo. Eles se reuniram, dessa vez, nesse mês de novembro na Argentina. Estavam presentes Trump (EUA), Macron (França), Temer, Macri (Argentina), Putin (Rússia) e diversos outros líderes mundiais. Esses líderes, numa canetada só, vão retirar cada vez mais nossos direitos, reprimir nossas lutas e avançar cada vez mais nas privatizações, principalmente no continente latino americano.

O G20 tomou resoluções sobre o petróleo, sobre a energia e os recursos naturais, e busca colocar tudo isso a serviço das grandes multinacionais, incluindo aí a água potável, que no futuro pode ser um bem escasso para a população. Sobre o tema da saúde e educação buscam os menores gastos públicos para esses serviços, ou seja, avançar no desmonte dos serviços públicos e em sua privatização. Sobre o tema do trabalho, com a desculpa de “avançar na competitividade”, buscam reformas, tais como a reforma trabalhista e da Previdência, que flexibilizam e precarizam as relações de trabalho, nos obrigando a trabalhar por mais horas, com menos direitos, para assim garantir mais lucros as empresas.

Sobre o tema das mulheres, tentam nos convencer que somos muito bem representadas por Merkel (presidenta da Alemanha) e Lagarde (diretora do Fundo Monetário Internacional). Mas estas estão junto a Trump e os demais para aprofundar os ajustes fiscais nas costas das trabalhadoras.

Esses são alguns exemplos do que foi discutido por esses líderes mundiais. Isso nos mostra uma coisa: todos esses projetos que foram aprovados no Brasil, como a reforma trabalhista e a reforma do ensino médio, não são projetos que vêm apenas porque o governo do Brasil é um governo corrupto que quer atacar nossos direitos. Esses projetos são parte de um projeto do imperialismo para a América Latina. A reforma do ensino médio, por exemplo, busca trocar aulas na escola por cursos profissionalizantes e privados, que serão fornecidos por redes de empresas estrangeiras. Outro exemplo é a reforma da Previdência, que tentaram aprovar em vários países. Na Argentina mesmo ela chegou a ser aprovada, mesmo com muita resistência por parte dos trabalhadores.

O futuro governo do Bolsonaro também é um reflexo do imperialismo. O próprio Trump, após o segundo turno das eleições, parabenizou Bolsonaro e disse estar feliz com a vitória. Isso se deve porque Bolsonaro quer privatizar todos nossos recursos e colocar nas mãos de empresas norte americanas, mostrando que ele não passa de um capacho do imperialismo!

Dessa forma, além de lutarmos contra o governo e suas reformas no Brasil, devemos lutar também contra o imperialismo, pois ele tem um projeto muito evidente para a juventude e os trabalhadores, que é o do desemprego e precarização das nossas vidas! Os projetos do Escola Sem Partido, Reforma do Ensino Médio, privatização do ensino superior, repressão às nossas lutas, são todos parte do mesmo projeto do capitalismo imperialista para a juventude no mundo todo.  É preciso que nossa luta seja socialista e internacionalista, pois o capitalismo oprime tanto no Brasil como em qualquer outra parte do mundo e apenas construindo uma sociedade socialista a nível mundial é que alcançaremos a liberdade!

Liberdade já para Daniel Ruiz e chega de perseguição a Sebastián Romero!
Sebastián Romero estava na luta contra a reforma da previdência na Argentina e agora está sendo perseguido pela polícia e o governo argentino, que inclusive está oferecendo um milhão de pesos a quem encontrá-lo. Daniel Ruiz é petroleiro da Patagonia, no sul da Argentina, e foi preso também por lutar contra as reformas do governo. Daniel foi fundador da ‘Confluência Argentina’, que organiza diversas ações e também foi um dos organizadores da manifestação contra o g20. Daniel é um preso político do G20 e já está a mais de 2 meses na cadeia de Marcos Paz, em Buenos Aires. A perseguição e a prisão destes companheiros mostram que a democracia dos ricos não servem aos trabalhadores e jovens, pois não temos nem sequer o direito de nos manifestar sem sermos reprimidos pela polícia, presos e inclusive mortos, como foi o caso de Santiago Maldonado, assassinado por lutar em defesa dos Mapuches, também na Argentina.

Estamos organizando uma campanha internacional pela liberdade imediata de Daniel Ruiz e pelo fim da perseguição a Sebastian e a todos aqueles que lutam! Pedimos a todas organizações sociais, ativistas, partidos políticos que entrem com a gente nessa campanha. Lutar é um direito! Chega de repressão as nossas lutas!

Manifestação na Argentina contra o G20
A manifestação contra o G20 foi organizada por diversos partidos e movimentos para ser realizada no dia 30 de novembro. O governo Macri investiu milhões em aparato repressivo para garantir a “ordem” durante o evento. Houve apoio de tropas do exterior e na sexta-feira foi decretado feriado. Não funcionaram o metrô, os ônibus e os sinais de celulares também foram cortados. Além disso, dias antes da manifestação, o governo tentou colocar medo nas pessoas, falando para ela não saírem as ruas, tratando os manifestantes como terroristas. No dia da manifestação, o centro da cidade já estava todo cercado e em estado de sitio. Apenas com o apoio de uma força militar brutal que esses governantes podem se reunir, pois sabem que são odiados pela população. Enquanto a Argentina passa por uma crise econômica e social, o governo gasta e investe em aparato repressivo! Mesmo com todo esse aparato, a manifestação se realizou e milhares marcharam desde a avenida 9 de Julho até o Congresso Nacional. A CSP-Conlutas contou com uma delegação de um pouco mais de cem pessoas do Brasil.

Em apenas 3 dias de viagem, conseguimos ter grandes aprendizados para nossas lutas e nos fortalecer com a perspectiva que a luta é internacional, pela libertação de todos trabalhadores, no Brasil e no mundo. Continuaremos na luta contra o imperialismo e o capitalismo que nos mata todos os dias. Como dizia uma das músicas que cantamos na sexta-feira: “Aunque nos reprimas / aca no hay miedo / no hay terroristas / aca esta el Pueblo!”. Resistiremos!

  • Fora G20! Fora FMI!
  • Fora Macri!
  • Viva a luta internacional dos trabalhadores!
  • Liberdade para Daniel Ruiz!
  • Basta de Perseguir Sebastián Romero!
  • Pela anulação dos processos contra todos os lutadores!
  • Basta de assassinato dos lutadores!
  • Fora imperialistas! Fora Trump!
  • Por um governo socialistas de trabalhadores e do povo pobre!