no oitavo Congresso, a Central terá de escolher: ou defenderá os interesses imediatos e históricos dos trabalhadores ou se tornará chapa branca do governo, uma central oficialista, que apoiará as reformas neoliberais e os planos do FMI

A abertura dos debates para o 8º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CONCUT) teve um lançamento inusitado, demonstrando com clareza o que a Articulação Sindical pretende. Começou tomando as páginas dos jornais com o lançamento da candidatura de Luís Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, à presidência da Central.
Tradicionalmente os sindicalistas iniciavam os debates dos congressos cutistas pela conjuntura política nacional e internacional, planos de luta e organização do movimento. Somente depois de um intenso debate é que se chegava à conformação das chapas, após discutir internamente em cada corrente os nomes que a comporiam, em especial o do candidato a presidente.
Este ano ocorre tudo ao contrário: a Articulação Sindical já lançou o nome do presidente para depois discutir a política e os planos da CUT. Isso ocorre porque o governo Lula está deixando claro, seja no Congresso Nacional ou nos meios de comunicação, que os ajustes exigidos pelo FMI serão feitos com toda a rigidez necessária, mesmo que sejam excessivamente duros e tragam mais arrocho nas condições de vida dos trabalhadores. Afinal de contas, “todos” têm que dar sua parcela de sacrifício para tirar o país da crise.
Por isso, o governo aumentou a proposta de superávit primário para 4,25%, cortou verbas da área social, prepara um novo aumento da taxa de juros, vai realizar a reforma da previdência e a trabalhista, garante a autonomia do Banco Central e não se dispõe a oferecer ao funcionalismo nada acima de 4% de reajuste.
Ora, para aplicar todo esse plano Lula necessita de um movimento sindical dócil e obediente, que defenda esse projeto que segue as ordens do imperialismo, ainda mais na maior central sindical de nosso país.
João Felicio, por mais governista que seja, não é o nome ideal. Ninguém melhor do que Luís Marinho, conhecido pela aplicação do banco de horas nas fábricas do ABC e pelo acordo que rebaixou salários na Volks.

Independência

Essa é a política da maioria da direção da central, e não podemos permitirque ela conduza a CUT de armas e bagagens para esse projeto.
Nossa central, na sua fundação, teve uma trajetória de independência de classe, apoio à ação direta e construção de mobilizações pela base contra todos os planos econômicos do imperialismo que tentaram implementar no Brasil. Portanto, o grande desafio da vanguarda sindical é encarar de frente este debate político, um dos mais importantes das história do movimento sindical.
Será uma luta implacável para que a CUT esteja na linha de frente contra a guerra imperialista de Bush, exigindo que o governo Lula rompa com o imperialismo norte-americano, deixe de pagar a dívida externa e pare de negociar a Alca, na medida em que os EUA agridam militarmente o Iraque. Além disso, terá que ser a vanguarda da campanha pelo plebiscito oficial da Alca, que é uma exigência do movimento.
A CUT não poderá fugir à responsabilidade na condução da luta sem trégua contra os planos do imperialismo e contra a exploração do capital que massacra os trabalhadores e o povo pobre de nosso país. Para isso, terá então que se enfrentar com as políticas econômicas defendidas e implementadas pelo governo Lula.
Esta será a maior prova que a nossa central já enfrentou: ou mantém suas bandeiras tradicionais, das reivindicações dos trabalhadores que representa, ou se transformará numa central governista, chapa branca, incapaz de organizar a luta em defesa dos interesses imediatos e históricos de nossa classe.

Post author américo gomes,
de São Paulo
Publication Date