Ato do Dia Internacional das Mulheres em 2015
Erika Andreassy, da Secretaria de Mulheres do PSTU

Erika Andreassy, da Secretaria de Mulheres do PSTU

O dia 25 de novembro é Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. Instituída pela ONU em 1999, a data serve para chamar a atenção do mundo para o impacto desse tipo de violência nas vidas das mulheres. Para as trabalhadoras, além de ser um dia de luta contra a violência e o machismo, também é dia de se rebelar contra a exploração capitalista.

Em todo o mundo, a violência contra as mulheres cresce de forma alarmante. Segundo a ONU, uma em cada três mulheres foram ou serão vítimas de violência machista. No Brasil, a cada quatro minutos uma mulher sofre violência física, e esse número conta apenas as que sobrevivem às agressões. No ano passado, foram registrados mais de 145 mil casos de violência física, sexual, psicológica e de outros tipos em que as vítimas sobreviveram. Os feminicídios também dispararam. Só na cidade de São Paulo, houve um crescimento de 167% nos casos.

A violência contra as mulheres também se expressa de outras formas, como na desigualdade salarial, na dupla jornada, nos altos índices de desemprego, na falta de acesso à saúde e à educação de qualidade, na falta de moradia e de condições dignas de vida. A criminalização do aborto, que condena milhares de mulheres todos os anos a sequelas e a mortes, também é violência.

Governo Bolsonaro não tem política para as mulheres

Brasilia DF 06 12 2018 Valter Campanato/Ag. Brasil

Bolsonaro não só não tem política para combater a violência contra as mulheres como ainda contribui para agravar essa situação. Os gastos do governo com políticas de enfrentamento à violência foram quase zero até agora. O governo também extinguiu conselhos e comitês responsáveis pela elaboração de políticas de combate à violência, como o Comitê de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e o Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT. No início de novembro, o governo editou um decreto que retira a obrigatoriedade de o governo federal auxiliar na manutenção das Casas da Mulher Brasileira.

O discurso de ódio de Bolsonaro e de seus representantes, inclusive da ministra Damares Alves, reforça o machismo e potencializa a violência. Em abril, em meio a uma entrevista coletiva, o presidente chegou a fazer apologia ao turismo sexual. Damares, por sua vez, afirmou a que a culpa dos estupros de meninas em Marajó (PA) era delas por não usarem calcinha.

Como se isso não bastasse, os ataques do governo ao conjunto da classe trabalhadora afetam as mulheres de forma direta. A reforma da Previdência e o novo pacote de medidas dificultam o acesso ao trabalho e à aposentadoria de milhares de trabalhadoras.

Combinação entre racismo e machismo vitimam mais as mulheres negras

Novembro é o mês de luta contra a violência às mulheres e também o mês da Consciência Negra. Num país como o nosso, em que as principais vítimas da violência machista são as mulheres negras, uma data não pode estar separada da outra.

A combinação entre machismo e racismo faz das mulheres negras as principais vítimas da violência. Não por acaso, 66% dos assassinatos femininos são cometidos contra mulheres negras. As negras estão na base da pirâmide social, são as que recebem os salários mais baixos, detêm os maiores índices de desemprego e sofrem de forma mais contundente a violência institucional.

Elas também são a maioria das vítimas da violência doméstica, dos feminicídios e dos abusos sexuais. O estereótipo da “mulata dotada de erotismo”, resquício da escravidão e reproduzido de forma sistemática pelos meios de comunicação, resulta, por exemplo, no fato de que 60% dos estupros são cometidos contra mulheres negras.

Pelo fim da opressão e da exploração
O capitalismo decadente submete cada vez mais as mulheres à opressão e à violência. Isso serve para dividir a classe e superexplorar uma parte dela, as mulheres trabalhadoras. Por isso, a luta contra o machismo e a violência não é uma tarefa só das mulheres, mas do conjunto da classe trabalhadora e deve ser tomada como parte da luta para destruir o sistema capitalista.

Os levantes na América Latina e pelo mundo têm mostrado o papel das mulheres na luta contra a exploração. No Equador, no Haiti, em Hong Kong, no Iraque, no Chile ou na Bolívia, as massas exploradas tomam as ruas com as mulheres à frente, derrubando todos os preconceitos e lutando contra seus governos por uma vida mais digna. As mulheres bolivianas, com seus filhos no colo, enfrentam o golpe racista de direita em seu país e mostram que fazem parte da luta. As jovens chilenas enfrentam a repressão de Piñera e se organizam em assembleias populares. É fundamental que nesse processo as bandeiras das mulheres, contra a violência e o machismo, por igualdade e direitos, sejam tomadas também pelo conjunto do movimento.