Que o atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é autoritário, corrupto, conservador, homofóbico, racista e machista, não é novidade para ninguém. Sua ficha de desserviços na Câmara inclui o projeto que institui o “Dia do Orgulho Hétero”, a tentativa de incriminação dos médicos e mulheres que fizeram aborto, a lei de terceirização, as manobras que enfiaram goela abaixo o financiamento privado de campanha e a redução da maioridade penal. Agora, comanda uma reforma política que visa tirar partidos de esquerda da televisão e beneficiar os grandes partidos, como o seu PMDB.
Eduardo Cunha, enfim, não esconde seu ódio aos trabalhadores e aos setores oprimidos, como as mulheres, negros e LGBT’s. Mas de onde surgiu esse sujeito obscuro que ocupa hoje o terceio lugar na linha sucessória da presidência? Veja aqui 10 fatos que você precisa saber sobre essa figura nefasta.
1 – FILHOTE DA DITADURA
O jovem Eduardo Cunha entrou para a vida política durante a campanha de Eliseu Resende (PDS) para o governo de Minas Gerais em 1982. Ligado à ditadura, Resende foi ministro dos Transportes do ditador Figueiredo (foto). Nessa campanha, foi derrotado por Tancredo Neves.
2 – CRIA DE PC FARIAS
Cunha começou a ganhar notoriedade na política quando foi convidado pelo ex-tesoureiro de Fernando Collor de Melo, PC Farias, para dirigir a campanha do presidente que mais tarde sofreria impeachment. Assim como PC, Cunha foi tesoureiro, mas do comitê eleitoral de Collor no Rio.
3 – ALÔ, ALÔ
Como recompensa pelos serviços prestados, Eduardo Cunha foi nomeado por Collor para a presidência da Telerj, a companhia telefônica do Rio de Janeiro. Período este em que a companhia sofreu várias denúncias de fraudes em licitações. Uma das empresas beneficiadas nessa tramoia era ligada ao Grupo Abril, dona da Veja.
4- LIGAÇÃO PERDIDA
Foi envolvido ainda num escândalo de superfaturamento num contrato da Telerj com uma fornecedora de equipamentos ligada a Roberto Marinho, dono da Globo. Esteve no cargo de 1991 a 1993, quando foi exonerado após o escândalo do “Esquema PC”. Nesse período reduziu os investimentos da estatal para a sua privatização.
5- O CAMINHO DO CÉU
Começou a ter acesso às igrejas evangélicas através de um empresário e deputado federal dono de uma rádio evangélica, Francisco Silva. Entre os favores prestados por Cunha ao empresário está a renegociação de uma dívida milionária com o INSS.
6 – COM GAROTINHO
No final dos anos 1990, o então governador do Rio, Anthony Garotinho, nomeou Francisco Silva, padrinho de Cunha, para a secretaria da Habitação do estado. Ele, sua vez, nomeou Eduardo Cunha subsecretário. Mais uma vez, Cunha foi acusado por corrupção e favorecimento de empresas, desta vez, ligadas a seu então partido, PRN. Anos depois, se desentenderia com Garotinho de quem agora é inimigo político.
7- NAS ONDAS DA RÁDIO
Diretor da rádio de seu padrinho e contando com a exposição que um programa diário lhe conferia, assim como o acesso às igrejas evangélicas, vai construindo seu nome no meio popular, principalmente evangélico. Suplente, assume uma vaga na Assembleia Legislativa em 2001 e é eleito deputado federal em 2002.
8 – DINHEIRO NADA SANTO
Uma de suas principais financiadoras de campanha nas eleições de 2002 foi a mesma empreiteira Camargo Corrêa que acabou de ter três executivos, incluindo o ex-presidente, condenado por corrupção.
Montagem Blog Sakamoto
9 – LOBISTA DA CÂMARA
Nas últimas eleições, foi um dos candidatos que mais recebeu dinheiro, tendo gastado nada menos que R$ 6,4 milhões, em valores declarados ao TSE. Entre os principais doadores estão o conglomerado industrial Rima e a Vale, ambos do setor de mineração (por isso defende o novo marco da mineração), entre outros. Também recebeu dinheiro da Ambev, Bradesco, Santander, BTG Pactual. Foi apelidado de “lobista” da Câmara tal o empenho com que defende os interesses de seus financiadores.
10 – NOS BRAÇOS DE DILMA E DO PT
Na campanha de Dilma em 2010, o então candidato do PSDB, José Serra, levou a questão do aborto ao debate eleitoral a fim de atingir a candidata do PT. Dilma lançou a chamada “Carta ao Povo de Deus” firmando uma aliança com os setores fundamentalistas e deixando claro que não lutaria pelos direitos das mulheres ou dos LGBT’s. Eduardo Cunha foi um dos principais protagonistas dessa aliança costurada entre o PT e o setor fundamentalista evangélico.
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