O jornalista, Fernando Soares, agredido por defender amigos em bar

Todos ao ato contra a homofobia neste sábado, dia 25 de maio, às 21h

Mais um caso de homofobia chocou o Rio de Janeiro no último dia 18 de maio, sábado. Fernando Soares jornalista, militante de movimentos sociais e realizador de trabalho de educação popular foi brutalmente agredido no Bar Sinuca de Bico, na Lapa. O rapaz estava com num grupo de dez amigos comemorando um aniversário neste estabelecimento, quando cinco homens de uma mesa ao lado que, segundo relatos de testemunhas, são frequentadores assíduos do bar, começaram a agredir verbalmente alguns amigos de Fernando com xingamentos homofóbicos.

Inconformado com o preconceito, Soares foi à mesa dos agressores para tentar acalmar os ânimos, mas os homens não esboçaram nenhuma reação naquele momento. Quando os amigos estavam indo embora, o rapaz foi ao banheiro, onde foi agredido covarde e brutalmente com socos na cabeça até cair no chão desacordado. Ao cair, o rapaz bateu com a cabeça na pia, por isso teve concussão cerebral, além da mandíbula fraturada. Minutos depois os amigos o encontraram completamente ensanguentado e o levaram para UPA de Botafogo, de onde foi encaminhado para o hospital Miguel Couto. Fernando já passou por uma bateria de exames e, segundo sua irmã, está lúcido, fora de perigo e deve ter alta em breve.

A família de Fernando Soares registrou a ocorrência nesse dia 21 na 5ª DP (Gomes Freire – Lapa). O delegado titular da 5ª DP, Alcides Alves Pereira, afirmou que, ao tomar conhecimento do fato pela imprensa, policiais da unidade foram ao hospital Miguel Couto hoje para ouvir a vítima. Os agentes também foram ao bar Sinuca de Bico para conversar com os proprietários em busca de possíveis testemunhas do crime. Segundo a assessoria da Polícia Civil do Rio, depois de receber alta, Soares passará por um exame de corpo de delito e a polícia buscará imagens de câmeras de segurança no entorno do bar, já que o mesmo não possui o equipamento.

A dura realidade dos jovens trabalhadores LGBT's

Apesar de não ser homossexual, Fernando foi covardemente espancado porque ousou defender a causa LGBT. A agressão sofrida pelo jornalista é mais uma prova cabal de que há uma onda de violência homofóbica em nosso país, que choca pela brutalidade e crueldade com que os assassinos matam os homossexuais, além da naturalidade com a qual julgam-se “no direito” de matá-los. Lamentavelmente, casos como esses tornam-se cada vez mais comuns. Em abril, o jovem trabalhador Eliwellton da Silva Lessa, de 22 anos, foi atropelado três vezes por um homofóbico em São Gonçalo e faleceu no dia 2 de maio.

As poucas estatísticas existentes, produzidas pelo próprio movimento (Grupo Gay da Bahia),  apontam que centenas de LGBT’s são assassinados todos os anos, o que torna o Brasil líder no ranking de assassinatos homofóbicos. No Brasil, pelo menos um LGBT é assassinado a cada 31 horas. Segundo o GGB, os jovens entre 20 e 29 anos representam 46% das vítimas de assassinatos.

A maioria das vítimas são adolescentes e jovens trabalhadores, muitas vezes dos setores mais precarizados (telemarketing, faxina, comércio e etc.), que recebem salário mínimo e não podem pagar para se refugiar nos “guetos” gays, frequentados pela classe média e pela burguesia e, assim, exercer “livremente” sua sexualidade. Por isso, estão mais expostos, cotidianamente, a todo tipo de violência homofóbica.  Neste sentido, a cidadania LGBT tão alardeada pelas ONG’s e outras organizações do movimento, infelizmente, é só para os que podem pagar.

Para barrar a onda de violência, criminalização da homofobia já!

Apesar desta realidade alarmante, a homofobia ainda não é crime em nosso país. Este fato cria um terreno fértil à naturalização da homofobia que se manifesta na intolerância e nas variadas formas de violência física e psicológica, bestializando os LGBT’s e banalizando seu direito à vida.

Os governantes têm muita responsabilidade sobre esta realidade. Em 10 anos, o governo do PT, que tem maioria no Congresso, teve a oportunidade de aprovar a criminalização da homofobia. Contudo, contrariando as expectativas e a confiança que criou através do seu discurso pró-direitos LGBT's, o governo permitiu, com o aval de Dilma, que o senador homofóbico Marcelo Crivella retalhasse o PLC 122 (que criminaliza a homofobia), suspendeu o kit anti-homofobia nas escolas para salvar o ex-ministro Chefe da Casa Civil, Antônio Palocci de uma CPI, além de ter se retirado da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados para entregá-la ao controle do reacionário Partido Social Cristão (PSC) que elegeu o reconhecido machista, homofóbico e racista Marco Feliciano para a presidência da mesma.   

O Governo Federal fez uma opção política em não se chocar com um setor importante da sua base aliada no Congresso: a bancada evangélica e católica que faz coro contra a pauta do movimento. Para mantê-los como aliados e garantir a governabilidade necessária à implementação de suas principais medidas econômicas, Dilma utiliza os direitos LGBT’s como moeda de troca e, ao mesmo tempo, com um discurso “progressivo” segue iludindo diversos setores do movimento. Esta postura acaba fortalecendo a bancada homofóbica e suas figuras públicas, criando um clima favorável a proliferação da violência homofóbica.

Precisamos reagir e através da nossa mobilização exigir dos governos, principalmente, do Governo Federal a criminalização da homofobia e outras medidas de combate à violência como a introdução do kit anti-homofobia nas escolas, além da punição dos agressores de Fernando Soares. Estar ao lado do conjunto dos trabalhadores é muito importante para nos fortalecermos, pois o fim da homofobia pressupõe o fim da exploração que nela está apoiada. Somente na luta podemos transformar esta sociedade, que explora os trabalhadores e utiliza a homofobia para aprofundar essa exploração, numa sociedade verdadeiramente igualitária e livre, numa sociedade socialista!

Todos ao ato contra a homofobia neste sábado, dia 25 de maio, às 21h, com concentração em frente ao Big Bi!

  • Fora Feliciano e o PSC da CDHM!
  • Criminalização da homofobia, já!
  • Punição aos agressores de Fernando Soares!
  • Em defesa do kit anti-homofobia nas escolas!
  • Pela construção de uma sociedade socialista!
  • Todos e todas ao I Encontro Nacional LGBT da CSP-Conlutas dias 28, 29 e 30 de junho

 

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