Lula declarou dias atrás que os tempos das vacas magras estavam acabando. Em seguida, Zé Dirceu declarou que nove meses não bastaram para a criança nascer e ele previa mais uns 18 meses de dificuldades.

A verdade é que no país algumas poucas vacas estão cada dia mais gordas, enquanto outras – a maioria – cada dia mais magras. O fato é que o imperialismo aperta a cada dia o torniquete da recolonização e o governo Lula cada dia é mais subserviente no atacado, enquanto faz algumas pirotecnias no varejo e encena algumas farsas políticas para parecer o contrário.

É assim, que enquanto protagonizava um atrito limitado em Cancún, tentando trocar exportações agrícolas por soberania; liberava os transgênicos, dando um presentão de R$ 100 milhões à Monsanto. Semana seguinte, nas negociações da Alca, o Brasil foi de Alca light, e o imperialismo fez estardalhaço, conseguindo aliados internos – todos ministérios mais fortes no escândalo. Atritos à parte, a Alca segue nos trilhos das negociações e internamente seu caminho vai sendo pavimentado, através das “reformas” neoliberais, das mamatas para as multinacionais e bancos internacionais, incluindo o escandaloso Proer para a AES-Eletropaulo.

Os sócios tupiniquins da rapina imperialista também engordam suas vacas.

O fato é que enquanto o “mercado” vive dias de “euforia”, a missão do FMI vasculha as contas do país e comemora que o país já tenha arcado com R$ 102 bilhões de juros, os banqueiros riem à toa com o aumento de 184% nos seus lucros, os trabalhadores e a maioria do povo amarga um arrocho salarial sem precedentes, um desemprego recorde e vê suas condições de vida se deteriorarem ainda mais. As vacas dos debaixo estão esqueléticas.

É hora de lutar. Greves do BB e CEF mostram o caminho.

O desemprego segue crescente. O arrocho salarial é enorme e patrões e governo não querem sequer repor as perdas salariais. A reforma agrária não existe e, além de tudo, os lutadores do campo estão sendo presos e assassinados.

Além de tudo, o governo segue com sua política de “reformas” visando retirar dreitos e esfolar os trabalhadores para pagar juros aos banqueiros. Além da reforma da Previdência, está engatilhada a “reforma” trabalhista e, na “reforma” tributária, tudo que quer o governo é manter a sangria de verbas da educação e saúde para destiná-las ao “superávit primário”, manter o imposto do cheque e manter a escandalosa tabela do imposto de renda, que implica num aumento real de 30% nos descontos dos assalariados e da classe média.

Por tudo isso, a disposição de luta entre os debaixo é grande. E hoje poderia estar ocorrendo uma greve unificada envolvendo a paralisação de todo sistema financeiro, petroleiros, metalúrgicos e correios. Tal greve unificada poderia estar se combinando com manifestações populares e de sem-terra, exigindo reforma agrária, liberdade para os presos políticos do MST e, ainda, unindo-se com o funcionalismo que voltará à carga contra a reforma da previdência e pelo cumprimento dos acordos salariais que o governo está descumprindo. Enfim, poderia estar implodindo a política econômica do FMI que o governo vem aplicando.

Porém, a direção majoritária da CUT e dos sindicatos hoje é governista e tem buscado operar um verdadeiro desmonte das greves e mobilizações, atuando para impor acordos rebaixados e, conseqüentemente, pela aceitação do arrocho nos salários. Foi isso que fizeram em Correios e com os bancários dos privados.

Romper com a Alca e o FMI. Não pagar a dívida externa Post author
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