Em julho realizou-se o IX CONFUP, o Congresso Nacional dos Petroleiros, que reuniu 331 delegados representando 33 mil petroleiros da ativa e 43 mil aposentados. A maioria da direção da Federação Única dos Petroleiros (FUP), comandada pela Articulação Sindical, tentou transformá-lo em uma grande aliança entre governo, patrões e trabalhadores, com a presença do ministro do Trabalho, Jaques Wagner, e do presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, na abertura.

Mas não contava com a combatividade da bancada de aposentados, dos demitidos nas greves de 94/95 e de petroleiros “novos”, contratados após 1996 e com direitos reduzidos em relação aos antigos. Estes setores, apoiados pelo MTS, derrotaram a tentativa de aprovar uma pauta de reivindicações rebaixada para a campanha salarial. Foi votada uma pauta que contém as principais reivindicações dos petroleiros e sela, ao contrário da abertura, uma aliança entre petroleiros da ativa, aposentados, novos e demitidos.

A maioria da FUP, além de não fortalecer a discussão na base sobre a pauta de reivindicações, está aceitando o jogo da empresa de desmembrar a pauta de negociações em comissões. Se antes eram mesas de negociações que levavam a outra mesa e não consultavam a base, agora a empresa e maioria da FUP aplicam a mesma política de forma diferenciada.

Seguindo as orientações do governo Lula de “não romper contratos” com o imperialismo, a empresa vai a cada ação fortalecendo os instrumentos gerenciais da era FHC. Manteve os gerentes anteriores, o GDP como ferramenta de avaliação e gestão, a PLR não será linear, a política de certificação profissional continua e, na política remuneratória, nada de recomposição das perdas. No que se refere à unificação dos direitos para ativos e aposentados, novos e antigos e a suspensão das punições aos lutadores da greve de maio, segue com a mesma truculência.
A conquista de um acordo que atenda as reivindicações e mudanças necessárias à manutenção da Petrobrás estatal e soberana deve seguir da mesma forma que se deu o Confup, na luta para se obter uma pauta que resgatasse nossas reivindicações históricas. Vai ser preciso derrotar a direção da FUP e impor uma organização de base que possibilite unificar a luta.

O primeiro passo é exigir assembléias na porta das unidades para fortalecermos o debate sobre a pauta, que é a carta de unidade para lutar. Também é preciso definir um calendário de mobilizações com paralisações a começar pelos dias 8 e 9 de setembro, início da mesa de negociação, e eleger um comando de representantes de base que venha a compor um comando nacional para a campanha e negociação junto com a FUP.

Post author Willian Côrbo,
de Duque de Caxias (RJ)
Publication Date