Importantes dirigentes falam da necessidade da união da esquerda na CUT para lutar contra a reforma da Previdência e pela independência e autonomia da CentralO VIII CONCUT realizar-se-á em momento decisivo para a definição da trajetória futura da CUT. Pela primeira vez na história do país, existe um governo com participação de setores importantes do sindicalismo brasileiro. E governos desse tipo independentemente da avaliação que se possa fazer sobre seu comportamento são justamente os que costumam significar para os sindicatos os maiores riscos de cooptação. Foi assim em inúmeras experiências da social-democracia européia, foi assim na Argentina peronista, apenas para citar alguns casos mais óbvios.
Infelizmente, temos hoje na CUT uma candidatura lançada pelo Presidente da República, o que é, por si só, incompatível com qualquer concepção defensável de autonomia sindical. Não é um fato isolado: há inúmeros episódios que demonstram a ferrenha resistência, por parte da direita cutista, a qualquer mobilização que possa ser vista como enfrentamento contra o governo, mesmo em questões que atingem diretamente direitos dos trabalhadores e nas quais o oficialismo atual se conduz de forma abertamente contrária ao discurso, valores e práticas que o levaram ao poder. Talvez o melhor exemplo disso, mas certamente não o único, seja hoje a Reforma da Previdência.
Neste contexto, cabe ao conjunto das forças de esquerda da Central a imperiosa responsabilidade histórica de superar antigas divergências, unindo-se para evitar que a maior organização dos trabalhadores brasileiros se transforme definitivamente em instrumento de peleguismo e de submissão ao Estado.
Luiz Carlos Gonçalves Lucas
Professor da Universidade Federal de Pelotas – UFPel e Presidente do ANDES-SN
A questão da unidade da esquerda é mais um debate que vai cruzar todo o CONCUT.
Como podemos organizar a resistência dentro da Central contra as políticas da Articulação Sindical? Como podemos apresentar à base da nossa Central e a toda sociedade uma outra política, uma outra cara, que resgate a CUT de luta, classista, e independente que fundamos em 83? Uma CUT que seja um instrumento para as lutas dos trabalhadores contra a exploração, em defesa de seus interesses imediatos e históricos, e não um braço sindical do governo Lula.
Nós acreditamos que o quadro político do país e o quadro interno da nossa Central clama pela unidade da esquerda, em torno à uma plataforma que resgate as tradições da nossa CUT. Uma plataforma que materialize uma unidade para o CONCUT com uma chapa que unifique toda a esquerda e para o pós-congresso, que permita levar à base da CUT uma alternativa distinta dessa que a Articulação Sindical está preparando.
O chamado que estamos fazendo, portanto, à unidade da esquerda da CUT, tem esse conteúdo. Trata-se de uma obrigação de todos nós frente às nossas bases, para apontarmos uma alternativa para a continuidade da luta em defesa de uma sociedade justa, igualitária e socialista.
Evitar a exclusão de setores da esquerda
A Articulação Sindical, por outro lado, vem dando sinais de que não aceitará a reedição do procedimento presente em congressos anteriores, que permitiu a aplicação da chamada proporcionalidade direta para composição da direção da Central, através do qual as chapas garantiam representação na Executiva Nacional mesmo não alcançando o mínimo de 20% ou 10% dos votos no Congresso. Não é segredo para ninguém que a exclusão de militantes do PSTU e de alguns setores da esquerda do PT da Executiva Nacional da Central deixaria muito felizes dirigentes do setor majoritário da CUT.
A unidade da esquerda eliminaria também, portanto, o risco ou possibilidade de exclusão antidemocrática da direção da CUT, daqueles setores que são mais críticos ao governo e à direção da Central.
José Maria de Almeida (Zé Maria)
Metalúrgico, membro da atual Executiva Nacional da CUT, do MTS e do PSTU
Chamamos todas as correntes de esquerda da CUT a compormos um bloco que mantenha a independência política e sindical em relação ao governo Lula e afirme com veemência a luta dos trabalhadores do setor público e privado, contra a reforma da Previdência e em defesa das bandeiras históricas da nossa classe.
Valmir Brás de Souza
Coordenador SINDPREVSC, trabalha há 25 anos no INSS e é representante de Santa Catarina na Coordenação Nacional dos Servidores Federais
O movimento sindical brasileiro vive um momento histórico e de definições. As condições em que a classe trabalhadora travará suas lutas por melhores condições de vida e de trabalho, assim como a luta contra o desemprego, o subemprego, a reforma da previdência, a flexibilização da CLT, o pagamento das dívidas e a implantação da ALCA estarão na ordem do dia.
Uma central autônoma, independente, de luta, classista e socialista será imprescindível para a defesa de nossas conquistas e bandeiras. Dessa forma o 8º CONCUT ganha importância vital para a organização e resistência da classe e a unidade da esquerda cutista é condição sine qua non no embate ao projeto adesista da Articulação.
Silvio de Souza
Secretário Geral de Organização da Apeoesp e militante da Opção Socialista
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