O dia em que este editorial está sendo escrito é o mesmo do anúncio da concordata da GM. Um símbolo do capitalismo e da indústria norte-americana, salvo da falência por uma nacionalização disfarçada.

A quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, foi o sinal da primeira parte da crise econômica. A concordata da GM vem sinalizar o aprofundamento da crise e a fase da quebra de grandes empresas. Vem desmentir, assim, a campanha “o pior já passou” divulgada em todo o mundo pelos propagandistas do capital. Se esse é um sinal de como a situação econômica está melhorando, imaginem quando tudo piorar.

Obama e Lula são exemplos desse otimismo delirante. Lula segue dizendo que o Brasil vai crescer em 2009, quando todos os analistas reconhecem que a recessão já começou. Obama bateu o recorde anunciando que a concordata da GM era o “começo de uma nova GM, capaz de ser mais uma vez o símbolo do sucesso americano”.

Mas se engana quem acreditar que Obama e Lula são apenas otimistas equivocados. Não é nada disso, é um cálculo político. Tanto um como outro usam a confiança depositada nele para paralisar a ação dos trabalhadores. Afinal, se tudo pode ser resolvido por um governo amigo, se a crise pode ser evitada , ou pelo menos adiada, para que sair à luta, para que brigar por nossos direitos?

E, é preciso que se diga, essa tática até agora, pelo menos, tem dado resultado. Obama conseguiu manter seu apoio entre os trabalhadores e povo negro dos EUA, e evitou até agora um ascenso nos EUA. Ao contrário, conseguiu que o sindicato nacional dos trabalhadores (UAW) apoiasse a reestruturação na GM e na Chrysler, com dezenas de milhares de demitidos e várias fábricas fechadas.

Lula conseguiu, até agora, manter o apoio da maioria dos trabalhadores brasileiros. As últimas pesquisas confirmam a popularidade do governo. E graças ao apoio inestimável da CUT e UNE, segue conseguindo evitar um grande ascenso grevista no país.

No entanto, a realidade é implacável… e a crise também. O aprofundamento da crise é inevitável e vai terminar por se chocar contra a propaganda governista. A queda na produção industrial de 14,7% no primeiro trimestre deste ano é só a confirmação dessa tendência.

Já hoje existem muitas lutas no país, como a dos funcionários da USP e outras estaduais paulistas, dos professores de SP, do funcionalismo público municipal em Campinas e diversas outras cidades do país, dos funcionários públicos federais. Como a direção nacional da Conlutas decidiu em sua última reunião, é preciso apoiar e buscar unificar essas mobilizações para que tenham vitórias.

Junto com essas lutas é preciso estender a campanha do abaixo assinado impulsionado pela Conlutas. Esse abaixo assinado unifica diversos temas como a defesa da estabilidade no emprego, a reestatização da Vale e da Embraer, a luta dos aposentados e a defesa de verbas para a saúde e educação.

Por último, vale a pena destacar o chamado dos metalúrgicos de São José dos Campos aos trabalhadores das montadoras de automóveis de todo o mundo para que se tire um plano comum de lutas unificado. Não é possível que semelhante ataque dos patrões fique sem uma resposta à altura dos trabalhadores.

Post author Editorial do Opinião Socialista Nº 379
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