A Copa começa e o verde e amarelo invade as ruas e conversas no trabalho e no ônibus. Combina-se onde assistir, conserta-se a antena, nos dividimos sobre o técnico e nos unimos para montar o bolão.
A maioria de nós será contagiada pela festa. Do dia para a noite, nos tornaremos especialistas em Coréia do Norte, um país muito maior do que o ditador Kim Jong-il. Saberemos tudo sobre os adversários e passaremos a temer atacantes dos quais nunca havíamos ouvido falar.
O país vive a Copa, em uma grande corrente, torcendo pela seleção, orgulhosa de nossa gente e de seu talento. Nós também estamos nesta torcida. Torcemos pelo Brasil e esperamos ansiosos para sorrir com o drible, sofrer na espera do gol, comemorar e contar os dias para o próximo jogo.
E nossa torcida e nossa luta são muito maiores. Torcemos por um Brasil independente, livre e soberano. O que está longe de ser a realidade, apesar de toda a publicidade e da euforia com essa copa e a próxima.
Nossos governantes, incluindo o PSDB e o PT, transformaram o Brasil em um paraíso para grandes empresas e credores. Elas gastam o suficiente para se instalar aqui e exploram nossos trabalhadores. O lucro vai para suas matrizes, nos países imperialistas.
O dinheiro ainda sai daqui por outros mecanismos, como o das dívidas interna e externa. Apenas em 2008, o governo Lula pagou R$ 380 bilhões de juros de juros.
As multinacionais saqueiam nossas riquezas, nossos recursos naturais e destroem a natureza. É preciso retomar o controle sobre as riquezas, como o petróleo. Mesmo após tantas descobertas, o governo continua mantendo a presença estrangeira na exploração do petróleo. As multinacionais do petróleo, como a British Petroleum, que poluiu o Golfo do México em um gigantesco acidente, seguirão aqui, lucrando com o saque de nossas riquezas. O petróleo é nosso, mas o dinheiro vai para fora, assim como exportam os craques do nosso futebol.
Não há nada que justifique vivermos em um país tão desigual e dependente. Torcer pelo Brasil é torcer por um país soberano, livre das amarras do imperialismo e da ditadura do mercado.
É possível imaginar um país assim, como defende o PSTU e nosso pré-candidato a Presidência, Zé Maria. Um país que use o dinheiro que hoje é usado para pagar os juros da dívida para fazer a reforma agrária, realizar um plano de obras e enfrentar o desemprego.
É possível um país que controle todo seu petróleo, incluindo o Pré-Sal. E que use esse dinheiro para a Educação e a Saúde.
A reestatização das estatais, como a Vale, permitiria que o país recuperasse o controle de suas riquezas. Só assim essa empresa, hoje estrangeira, poderia ostentar nossas cores. E o lucro ficaria, garantindo aposentadoria e salários dignos.
Festa dos povos
Usamos verde e amarelo sim, torcemos por nosso país, mas a festa do futebol é uma oportunidade de união entre os trabalhadores de todo o mundo e de homens e mulheres. Não devemos deixar que fronteiras nos dividam. Assim como torcedores de países diferentes que festejam juntos, devemos fazer deste momento uma grande festa dos explorados, e festejarmos o internacionalismo. Uma festa dos povos, não das empresas.
Mas isso não é possível quando se explora ou se ocupa outro povo. O governo Lula e o exército estão hoje no Haiti, protegendo as empresas. Os comandantes e a mídia usam as cores do Brasil e a paixão dos haitianos pelo futebol para manter a missão militar. A copa, ainda mais na África do Sul, deve ser um momento para exigirmos o fim da ocupação. É hora de acabar com o apartheid no Haiti.
Não é livre um país que ocupa outro. Como não pode ser livre um país dependente do imperialismo, dominado pela dívida e ocupado pelas multinacionais. É preciso fazer uma segunda e verdadeira independência do país. Só assim, superando o capitalismo, poderemos viver plenamente a vida e o futebol, e nossa alegria irá durar mais do que noventa minutos.
Venha torcer e lutar com o PSTU.
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