No dia 12 de maio de 2009, foi comemorado o aniversario de 50 anos do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, hoje mais conhecido como Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Nesta mesma data, há 31 anos os metalúrgicos da Scania iniciavam a greve “Braços cruzados, máquinas paradas”. Ali começava a reorganização do movimento operário brasileiro, que depois daria origem a CUT e ao PT.

Naqueles anos de 1970 e 1980, porém, tanto o sindicato quanto os ativistas das greves operárias do ABC paulista tinham na classe trabalhadora seu norte de atuação. Tanto era assim que no congresso da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, em 1979, o metalúrgico José Maria de Almeida, membro da Convergência Socialista, apresentou a proposta de fundação de um partido dos trabalhadores no Brasil.

Passados mais de 30 anos destes eventos, nada ou quase nada mais resta daquele classismo que empolgou toda uma geração de ativistas e dirigentes sindicais, na época chamados de os autênticos ou de sindicalismo combativo.

No dia 30 de maio, sábado passado, a diretoria do sindicato realizou uma festa para comemorar os 50 anos da entidade, mas os tempos são outros. A festa aconteceu no clube Estância Alto da Serra, um local para grandes eventos, em São Bernardo do Campo. O evento organizado para 10 mil pessoas, contou, segundo a própria diretoria do sindicato, com 8 mil.

A primeira coisa estranha deste evento é que a grande maioria dos presentes não eram metalúrgicos. Estiveram presentes políticos da região e pessoas convidadas pelos diretores do sindicato, mas que não eram trabalhadores da categoria. Por exemplo, os companheiros da Volkswagen trabalharam, os da Scania estavam de licença-remunerada etc. Nas edições do Tribuna Metalúrgica, órgão de imprensa oficial do sindicato, da semana que antecedeu o evento, nenhuma matéria comentava sobre a festa que ocorreria.

Mas isso tinha uma explicação. No evento, havia vários camarotes Vips. Neles, confortavelmente instalados estavam, pasmem, os diretores de Recursos Humanos das maiores empresas da categoria, como da Volkswagen, Scania, Ford, Mercedes Benz, e de autopeças como Kostal, Mahle, Arteb, Dana etc. Aí estava o motivo para não convocar os metalúrgicos das fábricas da região para a comemoração. A festa era para os negociadores das empresas, representantes dos patrões e inimigos da categoria.

O grande final ficou por conta dos agradecimentos e patrocinadores do evento, nada mais nada menos que Volkswagen e Ford. Isso mesmo, duas das maiores multinacionais do país e da região patrocinaram a festa dos 50 anos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Esta festa foi um símbolo do quão longe estão os anos do histórico sindicalismo combativo, surgido no ABCD paulista. Foi a prova de que é urgente e necessária a construção de uma alternativa de luta para os trabalhadores metalúrgicos do ABC.

A Convergência Socialista, cujos militantes eram chamados de “os vermelhinhos” pelos tais “autênticos” numa tentativa de atacar os morenistas, já estavam na região desde o final dos anos 1970. Hoje, o PSTU, nos seus 15 anos de existência, herdeiro da Convergência segue construindo uma alternativa de direção revolucionária para o operariado do ABC.