Os planos de paz acertados entre os governos israelense e palestino mostram a cada dia seu verdadeiro caráter. Enquanto o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, faz a sua parte e tenta enfraquecer as lutas da Intifada e domesticar os palestinos, o primeiro-ministro de Israel descumpre sucessivamente suas promessas. Por exemplo, Ariel Sharon vetou a libertação de 400 presos palestinos, o que havia sido acordado com Abbas em fevereiro, no Egito.

Além disso, Sharon anunciou nesta segunda, 9 de maio, que a remoção dos colonos judeus da Faixa da Gaza, um dos principais pontos do acordo de paz, será adiada em três semanas. A tão esperada retirada dos assentamentos, se ocorrer, acontecerá apenas em meados de agosto. Sharon alegou como motivo para o adiamento as celebrações religiosas que os judeus fazem nesta época do ano. Mas tudo indica que a verdadeira razão seria a tentativa de ganhar mais tempo e conseguir chegar a um acordo com os colonos e a extrema-direita israelense, que se opõem à remoção.

As investidas de Abbas contra a resistência palestina têm funcionado, na medida em que seu governo coopta e consegue a colaboração para a paz de importantes direções da Intifada. Apesar disso, os palestinos seguem lutando, e os ataques contra Israel continuam. Um exemplo distorcido do rechaço à política colaboracionista da ANP foi o resultado das eleições municipais que ocorreram no dia 5 de maio. O grupo Hamas, que defende a Intifada, apesar do cessar-fogo prometido a Abbas, foi vitorioso nas mais importantes cidades da Palestina, principalmente na Faixa de Gaza. O Fatah, partido do presidente da ANP, venceu apenas em pequenas localidades.