Editora Sundermann reedita livro clássico de Evelyn Reed contra a opressãoPublicado pela primeira vez no Brasil em 1980, “Sexo contra sexo ou classe contra classe” ganha merecida re-edição. Antropóloga e marxista, a autora mergulha em profundidade na explicação da origem da opressão e derruba um a um os mitos sobre a inferioridade do sexo feminino, demonstrando que as mulheres não podem ser consideradas o “segundo sexo” e que são totalmente falsas as idéias que apresentam a mulher como um ser oprimido desde sempre.

Ela vai buscar as raízes da opressão na pré-história e mostrar que, na maior parte do tempo em que a humanidade existe sobre a terra, as mulheres não apenas não era sexo oprimido, como existiu o matriarcado, onde as mulheres desempenhavam papel preponderante e onde as relações sociais, culturais e sexuais eram igualitárias.

Vai demonstrar que, além da opressão da mulher ter aparecido junto com a monogamia, ela é fruto da sociedade de classes; nasceu com a exploração, a propriedade privada, o Estado, a família, sendo, portanto produto social e histórico e não natural biológico ou divino. Vai demonstrar que é no sistema capitalista que a mulher é mais degradada e oprimida, e que é falsa a idéia de que a mulher estaria realmente se “libertando” nessa sociedade, apesar de todas as reformas conquistadas com muita luta.

Por outro lado, esse livro representa uma enorme lufada de ar fresco na atmosfera poluída pelos “estudos de gênero”, impregnados pela reacionária “pós-modernidade” acadêmica, e pelas ideologias burguesas que, propagadas pelas ONGs, têm sufocado a luta de liberação das mulheres, buscando aprisioná-la ao sistema capitalista, ao Estado, ao mercado e aos monopólios e desviá-la do seu caminho realmente libertador, da sua unidade com os homens trabalhadores na luta pelo socialismo.

Especialmente a partir dos anos noventa houve uma dispersão e uma flagrante institucionalização dos movimentos de mulheres. Isso pode ser identificado no crescimento das ONGs “feministas” (Organizações “Não Governamentais”), financiadas por governos, pelo aparelho de Estado, empresas, bancos e, inclusive, organismos internacionais e imperialistas.Tais organizações e suas falsas idéias reduzem a luta contra a opressão a uma luta por “reformas” nos limites da sociedade capitalista, e muitas teorias tentam conduzi-la a uma “guerra de sexos”.

Mas, como afirma Evelyn Reed, “quem são os melhores aliados das mulheres no combate por sua liberação? As esposas dos banqueiros, dos generais, dos advogados abastados, dos grandes industriais, ou os trabalhadores negros e brancos que lutam por sua própria liberação?”.

Num momento em que vivenciamos mais uma crise capitalista e que as mulheres trabalhadoras, duplamente oprimidas e superexploradas sob o capitalismo, começam a se reorganizar em nosso país, como demonstrou o I Encontro de Mulheres da Conlutas, a publicação deste livro é mais do que oportuna, é uma necessidade.

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