O 30 de março poderá ser a primeira mobilização nacional dos trabalhadores em resposta à criseNeste final de verão, a temperatura começa a aumentar. Não, não estamos falando do calor que segue reinando, mas da temperatura política do país. Em primeiro lugar, a divulgação dos números da economia desmontou o discurso oficial de que “o pior já passou”. A queda de 3,6% do PIB no quarto trimestre significa uma retração anual de 13,6%, algo próximo da depressão. A queda continua neste trimestre, já confirmando a recessão que o governo quer esconder. É a tradução em números da realidade que todo trabalhador já está enfrentando com praticamente um milhão de empregos a menos no país desde o início da crise.

Em segundo lugar, e mais importante, é o chamado conjunto a um dia nacional de mobilizações e paralisações contra as demissões em 30 de março. Trata-se simplesmente da primeira mobilização nacional dos trabalhadores em resposta à crise. Diante do agravamento do quadro econômico, será realizado um dia unificado de lutas, convocado pelas mais importantes centrais do movimento, incluindo CUT, Força Sindical, CTB, Conlutas, Intersindical e MST.

A direção da CUT, que busca isolar a Conlutas, não conseguiu evitar a realização de um dia unificado de lutas. Vai tentar agora (com ajuda da CTB e da Força Sindical) descaracterizar essa mobilização, para evitar que ela se choque com o governo.
Lula, por sua vez, busca seguir flutuando nas nuvens sem se deixar respingar pela realidade da crise. A reunião com Obama terminou com promessas vagas de que os dois defendem a reforma no sistema financeiro internacional (sem clarificar como), sem nenhuma decisão de importância. Lula não foi reivindicar nada, foi apenas aumentar seu prestígio político se identificando com o novo presidente dos EUA. Para Obama, o significado era o mesmo.

Lula apoiou o questionamento de Obama sobre os bônus para os executivos da AIG, a seguradora salva da falência com dinheiro público. Mas não fala nada da Embraer, que concedeu 50 milhões aos seus executivos, mesmo demitindo 4.270 operários. Lula teria poder de veto sobre esta medida, mas não faz nada para não se chocar com a burguesia.

A mobilização de 30 de março deve ser um compromisso de todos aqueles que estão ligados com a luta dos trabalhadores. Os dirigentes sindicais e de entidades populares e estudantis devem estar na linha de frente da mobilização. Lembramos que a unidade de ação ajuda na mobilização por dar mais segurança às bases para as lutas. Nesse sentido, a unidade na marcação da data é um avanço importante.

A Conlutas está se fortalecendo, como se demonstra na luta da Embraer e no resultado das eleições entre os metalúrgicos de São José dos Campos. Será importantíssima a sua participação na mobilização do dia 30 não só para mover os sindicatos e entidades, mas também para dar um perfil de oposição política a essa mobilização. Trata-se de uma unidade na ação contra as demissões com a CUT e a Força Sindical, mas também de uma luta política com o projeto dessas centrais. Eles querem mais dinheiro para as empresas, desculpam o governo de qualquer responsabilidade e aceitam negociar direitos trabalhistas e redução de salários.

A Conlutas quer uma mobilização que se enfrente com os patrões e também com o governo. Vai exigir de Lula:

  • Nem demissões nem redução de direitos. Estabilidade no emprego já!
  • Redução da jornada de trabalho sem redução salarial
  • Reintegração dos demitidos da Embraer e reestatização imediata da empresa

    Está na hora de todos os sindicatos e entidades do movimento colocarem no centro de sua atividade a preparação da mobilização de 30 de março, que pode marcar um novo momento da luta contra as demissões no país.

    Post author Editorial do Opinião Socialista 370
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