A demissão dos lutadores quer facilitar o caminho para a entrega da empresa à máfia do transporte

A empresa de ônibus Carris reprimiu fortemente os delegados sindicais e ativistas de base da empresa que estavam à frente das mobilizações exigindo segurança diante da onda de assaltos no transporte público da capital. Depois da paralisação no dia 3 de agosto, cinco funcionários foram demitidos por justa causa e dois delegados sindicais afastados sem vencimentos, com abertura de inquérito judicial para demissão por justa causa.

Os nomes que apuramos até agora são: Afonso Martins (delegado sindical e militante do PSTU), Alceu Weber (suplente de delegado sindical e direção da CUT), Wenceslau (direção da Intersindical), Maxx Froming (comissão de empresa), Emerson e Neusa. Trata-se de um duro ataque ao direito de greve e organização da categoria no momento em que o ajuste econômico de Dilma, do governador Sartori e do prefeito Fortunati revolta a população e impulsiona inúmeras greves, como as paralisações que já haviam ocorrido em 15 de abril e 29 de maio, e as lutas que crescem entre o funcionalismo público estadual e federal.

Nas últimas semanas aumentou a sensação de medo e insegurança entre a categoria e os usuários do transporte público. Com quase um assalto por dia, motoristas e cobradores saem de casa sem a certeza de voltar com tranqüilidade. Facadas, tiros e assédio sexual, desgraçadamente, viraram rotina em diversas linhas. Frente a essa situação, os rodoviários já paralisaram diversas vezes: T3, T4, T6, D43, 343 e também linhas de outras empresas, iniciando um movimento para exigir mais segurança no trabalho e o “adicional de periculosidade”. Na maioria das vezes a mobilização ocorreu independente do sindicato, articulando-se através dos delegados sindicais, comissão de funcionários e CIPAs.

Concordamos com a decisão da assembleia ocorrida em frente a garagem que, diante do aquartelamento da Brigada Militar (BM) anunciado para o dia 3, decidiu paralisar as atividades, pois o risco de assaltos cresceria muito. Os bancos, por decisão judicial conseguida pelo sindicato, não abriram suas portas. Por que os rodoviários não podem se manifestar, se eles também trabalham com quantias significativas de dinheiro?

A manifestação era justa e necessária, mas a direção da Carris quer transformar lutadores da categoria em bandidos, acusando a organização do movimento de ser uma associação criminosa conforme consta no aviso de demissão. Esse ataque visa acabar com a organização sindical e a moral da categoria, recuperada através das lutas que iniciaram em 2013 e tiveram seu ápice na histórica greve dos 15 dias em 2014.

Afonso Martins é o ativista de mais tradição entre os demitidos. Com quase 30 anos dirigindo ônibus, recentemente entregou seu cargo no Conselho Municipal de Transporte Urbano por não compactuar com parcerias com a patronal. Já Sérgio Zimmermann, presidente da companhia, deve R$ 26.021,15 aos cofres da empresa devido ao pagamento irregular de horas extras e à aquisição de materiais para a obra da creche e do Centro Administrativo Integrado. Ele sim, deveria ser demitido e até preso!

A categoria sofre com a jornada de trabalho extenuante e em 2015 recebeu 1% de aumento real. No último período, muitos trabalhadores receberam descontos irregulares devido às avarias nos ônibus e o prêmio não será um direito do conjunto. O sucateamento da Carris, na realidade, é a política de Fortunati/Melo para justificar a privatização da companhia. Por isso, desde o início do ano, o PSTU apoiou a campanha “Porto Alegre 100% Carris, transporte público sob o controle dos trabalhadores”. A demissão dos setes lutadores quer facilitar o caminho para a entrega da empresa à máfia do transporte. Não é hora de baixar a cabeça! A categoria precisa se unir e reverter essas demissões!

É preciso que se construa uma ampla campanha de solidariedade entre centrais como a CSP-Conlutas, CUT e Intersindical. O Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre deve estar presente também nesta luta. Precisamos recolher o maior número de moções, fotos e declarações de apoio. Todo o movimento sindical, estudantil e popular precisa se somar nessa luta.

Exigimos a readmissão imediata dos rodoviários! lutar não é crime! Nenhum rodoviário ficará para trás! Fim da perseguição política nas garagens já!