Tropa de Choque reprime manifestação. Fotos Agência Brasil
Redação

Nessa terça, 13 de dezembro, estava marcado um ato em Brasília contra a PEC 55 e o governo Temer, com concentração no Museu da República às 15 horas e marcha até o espelho d’agua do Congresso às 17 horas. Na segunda, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal noticiou um enorme aparato de repressão para o ato do dia 13, fechando todos os acessos à Esplanada e construindo uma barreira policial a partir da rodoviária do Plano Piloto.

Nesse dia 13, sem estabelecer qualquer diálogo, a PM impediu a presença do carro de som na frente do museu que havia sido informado e autorizado pela Subsecretaria de Integração de Operações e Segurança (SIOPS). Além disso, a PM revistava qualquer pessoa que chegasse ao Museu da República, impedindo que as pessoas portassem vinagre, leite de magnésio, máscaras hospitalares e até mesmo sombrinhas. Por volta das 16h30, antes mesmo de começar a ida ao Congresso, a PM disse que não permitiria bandeiras, faixas ou qualquer material “suspeito” e que todos seriam revistados antes de poder descer.

Logo em seguida, sem nenhum motivo, a PM desencadeou uma brutal repressão contra os manifestantes. Foram centenas de bombas de gás, balas de borracha e jatos de spray de pimenta. A tropa de choque avançou por diversas vezes sobre os manifestantes, assim com a cavalaria, empurrando os manifestantes para a rodoviária do Plano Piloto, depois para o Setor Bancário Sul e Setor Comercial Sul, os locais mais movimentados do centro de Brasília, no horário de pico. Sem se importar com as centenas de crianças e idosos, as foças policiais jogaram bomba de gás dentro da rodoviária, formaram um cerco e distribuíram cacetadas de forma indiscriminada, inclusive em pessoas que estavam passando pela rodoviária e sequer participavam do ato.

Depois de dispersarem os manifestantes com uma repressão brutal, a PM deu início a um processo de perseguição implacável que gerou a detenção de mais de 100 pessoas. Uma pessoa foi presa dentro do banheiro do Shopping Conjunto Nacional (ao lado da rodoviária). Vários dos presos foram detidos pela PM quando estavam chegando ao estacionamento do estádio Mané Garrincha, onde estavam estacionados os ônibus das caravanas organizadas de outros estados e do próprio DF.

É preciso, desde já, construir uma campanha contra a criminalização de todos os manifestantes presos, repudiando a ação truculenta da PM-DF a mando de Rollemberg e do Gabinete de Segurança Institucional de Temer.

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A PM tenta justificar a repressão, mas não tem justificativa

A PM-DF tenta justificar a repressão alegando a necessidade de impedir os atos de “vandalismo” dos “Black Bloc’s”. Mas antes de qualquer ação dos grupos Black Bloc’s, a PM iniciou a operação de repressão, de forma indiscriminada sobre o conjunto dos manifestantes e inclusive sobre a população que estava na rodoviária somente para pegar o ônibus de volta para casa.

A questão dos Black Bloc’s foi apenas uma desculpa para justificar a ação truculenta da PM, que agiu a mando de Temer e Rollemberg com o objetivo claro tentar intimidar a classe trabalhadora e a juventude de Brasília e do país, mostrando que, na prática, daqui para frente vai ficar proibido protestar na Esplanada dos Ministérios.

De fato, a ação isolada dos Black Blocs não ajudou na construção e organização do ato, mas não justifica a brutal repressão ocorrida em Brasília.

Diante da criminalização e repressão crescente aos movimentos sociais (reforçadas com as leis de organização criminosa e antiterrorismo aprovadas sob o governo Dilma), as ações do movimento precisam ter destacamentos de autodefesa sob seu controle. Quer dizer, autodefesa submetida à democracia e voz de comando do movimento, para que seja eficaz para a manifestação se defender e enfrentar a polícia e não o contrário, como ocorre com as ações Blac Blocks, que são realizadas à revelia dos manifestantes e totalmente fora do seu controle.

Mas não é casual que nesse momento o governo Temer aumente a escalada de repressão. A enorme rejeição ao seu governo e suas medidas, como a PEC 55 e a reforma da Previdência e o acirramento da crise política, em função da delação da Odebrecht, colocam em xeque a continuidade de seu governo. Assim sendo, Temer em aliança com Rollemberg e os governos estaduais (que também lançam duros ataques aos trabalhadores e trabalhadoras), tentam impedir que as manifestações se generalizem e ganhem ainda mais força.

Está colocada a necessidade de construir uma Greve Geral para impedir os ataques de Temer e dos governos estaduais e colocar para fora todos eles. Não podemos nos intimidar com a ação repressiva de Temer e dos governos. A única saída para impedir que coloquem a conta da crise nas nossas costas é intensificar a mobilização contra Temer, o Congresso Nacional e todos os governos estaduais corruptos.

Eduardo Zanata, de Brasília (DF)