Moise Mugenyi Kabagambe. Foto: redes sociais.
Paula Borges, assistente social e militante do PSTU

Moise Mugenyi Kabagambe, jovem, de 24 anos, negro, congolês e trabalhador, foi assassinado brutalmente no dia 24 de janeiro na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Moise foi amarrado e espancado até a morte! Segundo a família, Moise trabalhava como ajudante de cozinha no quiosque Tropicália, localizado na altura do posto 8, e recebia por diária.

Ao cobrar o pagamento de duas diárias atrasadas, foi brutalmente espancado até a morte por cinco homens com pedaços de madeira e um taco de beisebol. A violência bárbara não termina por aí. A família ainda denuncia que, ao chegar no IML, Moise não tinha alguns órgãos! O caso tem notoriedade após um ato realizado por seus familiares e amigos no último dia 29 em frente ao quiosque, denunciando o assassinato e cobrando justiça.

Nós sabemos porque Moise foi assassinado! É resultado do racismo sistêmico, da xenofobia e da impunidade, que tornam nosso povo negro vulnerável a qualquer tipo de violência nessa sociedade. Vivenciamos todos os dias a perda irreparável dos nossos irmãos em becos, favelas, periferias e em todo Brasil pelo Estado racista e seus percursores que praticam o genocídio contra nosso povo.

Quando um irmão negro ou uma irmã negra é assassinado ou assassinada, não tenhamos dúvidas de que existe uma política que perpetua o extermínio do nosso povo. As sequelas e consequências de mais 350 anos de escravidão, sem reparação, deixou nosso povo à margem de qualquer violência, sobrevivendo com o mínimo ou nada, sem garantia dos direitos básicos para a reprodução da vida.

O que está em curso é a política do extermínio, da criminalização e do encarceramento. O Brasil, apesar de ser o país que possui a maior população negra fora do continente africano e de ter recebido imigrantes nos últimos anos, não disponibiliza e muito menos garante a vida e os direitos reivindicados historicamente pela classe trabalhadora. Exigimos os nomes e as prisões dos envolvidos no assassinato bárbaro de Moise e reparação do Estado do país que historicamente deve muito ao povo negro!

Moise, Presente! Parem de nos matar! Justiça por Moise e reparação, já!