A exploração capitalista se impõe aos trabalhadores como algo natural. As pessoas entendem a existência de donos das grandes empresas e operários como uma reprodução da desigualdade da natureza, da existência de animais maiores e menores, fortes e fracos.

A divisão de classes na sociedade capitalista é camuflada por inúmeras ideologias explicativas ou tranquilizadoras, como “sempre foi assim” ou “ você pode subir na vida se trabalhar muito”.

Mas, volta e meia, a dureza da exploração capitalista e imperialista apresenta sua face revoltante. Caem os véus, e o rei fica nu. Os trabalhadores olham não só com raiva, mas também intrigados com tamanho abuso sem explicação. Rapidamente, se colocam em marcha as máquinas de propaganda oficiais para explicar e adoçar os fatos.

Foi assim com o anúncio dos pacotes que somaram 13 trilhões de dólares dados pelos governos de todo o mundo aos banqueiros para evitar a quebradeira no sistema financeiro. Uma quantia absurda, inédita na história, difícil até de ser imaginada. Essa soma, que poderia ter sido usada para acabar com a fome no mundo, foi entregue aos banqueiros ricaços, os mesmos que agora anunciam o retorno de seus lucros.

O que causou indignação no início agora é entendido pela maioria das pessoas como necessário para evitar a crise. Mas ela segue e vai se aprofundar muito mais. Quem se salvou temporariamente, na verdade, foram as grandes empresas endividadas. Mas Barack Obama, Lula e os demais governos convenceram a maioria dos trabalhadores de que isso era necessário.

Uma tragédia anunciada
Agora, novamente, o rei está nu. A gripe suína se alastra, o governo perdeu completamente o controle da pandemia. Filas gigantescas nos hospitais comprovam a insegurança da população e o caos na saúde do país. Nenhuma explicação é dada pelo governo para o despreparo do país perante uma crise mais do que anunciada. O sucateamento da saúde pública por todos estes anos vem à tona e apresenta sua face cruel.

Mais ainda, a vacina que poderia evitar milhares de mortes não vai ser aplicada no Brasil neste ano porque os países ricos já compraram toda a produção de 1,8 bilhão de doses. Laboratórios multinacionais, como o suíço Novartis, já disseram que não vão “dar” a vacina aos países pobres porque “precisam de incentivos financeiros” (France Press, 15/7). A vacina só será aplicada no Brasil no ano que vem, quando a epidemia já terá passado, mas a população dos países imperialistas vai poder utilizá-la agora para se prevenir da gripe antes da chegada do inverno no hemisfério norte. É a cara do imperialismo.

Os trabalhadores precisam recuperar a capacidade de se indignar
Indignar-se com o apoio financeiro sem fim dado às grandes empresas pelo governo, ao mesmo tempo em que esse se recusa a decretar a estabilidade no emprego para os trabalhadores.

Indignar-se com as empresas, que elevam a produção, impõem um ritmo de trabalho infernal e não reajustam os salários.

Indignar-se com a corrupção deslavada de José Sarney na presidência do Senado, contando com o apoio aberto de Lula e o “deixar correr” da oposição burguesa.

Indignar-se com as filas nos hospitais e a expansão sem controle da gripe suína.

Post author Editorial do Opinião Socialista Nº 382
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