“Antes de responder a questão propriamente é importante identificar as causas atuais dos altos índices de desemprego no país. Na atual fase do capitalismo o desemprego é estrutural. A intensificação da racionalização no processo produtivo com a introdução de novas tecnologias e novas formas de gerenciamento da produção (terceirização, polivalência) reduz o trabalho industrial e cria a figura do trabalhador precarizado – aquele trabalhador temporário, sem direitos sociais.
Não somos contra a introdução de novas tecnologias, somos contra os efeitos que estas novas tecnologias causam sob a economia capitalista, ao reduzir empregos e não melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.
No nosso país, especialmente a partir dos anos 90, a abertura econômica, a inserção de novas tecnologias, a automação nas fábricas e os programas neoliberais de Collor e FHC, geraram privatização, demissões, precarização do trabalho e perdas de direitos sociais históricos conquistados pelos trabalhadores. O Amazonas acompanhou o ritmo do país. O pólo industrial de Manaus, que no início dos anos 90 empregava 80 mil, fez uma redução de mais 50%. Apesar das demissões e da diminuição da massa salarial, as indústrias continuaram aumentando seus faturamentos.
Diante desse quadro, que tende a ficar agudo caso a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), seja implantada, há pelo menos duas posições: uma, dos partidos burgueses e reformistas (PT e PCdoB) que propõem políticas compensatórias de renda mínima, cooperativas e outras formas de gerenciamento do capitalismo; e outra, que não vê possibilidade de saída sem que os ricos, as multinacionais, o grande capital, pague a conta, ou seja, redução da jornada de trabalho sem redução do salário. Entre as duas posições, nós do PSTU defendemos a segunda. Em resumo são estas as propostas: imediata deflagração de um Plano de Obras Públicas Populares; a redução da jornada para 36 horas semanais sem redução do salário; a estabilidade no emprego é a terceira medida para o combate ao desemprego. Os patrões seriam proibidos de demitir, e os que assim o fizerem terão suas empresas expropriadas; até que esse plano seja totalmente implementado, defendemos que os desempregados sejam isentos de pagar suas contas de água, luz e impostos como o IPTU; fim dos incentivos fiscais para as grandes empresas e utilizar estes incentivos para incrementar uma industrialização de verdade, isto é, de base, estatal, para substituir o Distrito Industrial de maquiadoras; defendemos também a expropriação sem indenização e estatização sob controle dos trabalhadores, das empresas que entrarem em falência.”
Reportagem do Jornal A Crítica de 110802