Entrou em vigor no último dia 16 o primeiro acordo mundial contra o aquecimento global. O protocolo prevê uma tímida redução dos gases relacionados ao efeito estufa. Mesmo assim o maior poluidor, os Estados Unidos, decidiu não ratificá-loA atmosfera em que vivemos é constituída por uma mistura de vários gases, sendo os principais o Nitrogênio (N2) e o Oxigênio (O2), que compõem 99% do seu conjunto.
Vários outros gases encontram-se em pequenas quantidades proporcionando o “efeito estufa”. Esses gases ganharam esse nome por possuírem a capacidade de reter calor da mesma forma que um carro com o vidro fechado. Acontece que com o processo de industrialização as quantidades desses gases jogados na atmosfera têm aumentado a cada ano, ocasionado o aquecimento do planeta e podendo causar grandes problemas ambientais. O aquecimento é provocado, principalmente, pelo aumento da emissão de dióxido de carbono (CO2), causado pela queima de petróleo, carvão mineral e gás.

Os riscos do aquecimento
No último século o desenvolvimento do capitalismo ocasionou uma desastrosa degradação. A emissão de CO2 aumentou 25% nos últimos cem anos. Nesse mesmo período, de acordo com Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura do planeta subiu entre 0,4 oC a 0,8 oC, sendo que as últimas décadas foram as mais quentes do século.

Nunca em toda a sua história o capitalismo destruiu de forma tão agressiva a natureza como agora. De acordo com cientistas do IPCC, a temperatura na superfície da Terra poderá aumentar entre 2 a 4,5ºC até 2100. Se isso acontecer o aquecimento causará efeitos extremos sobre o clima. Furacões, enchentes e secas serão muito mais freqüentes. O aquecimento também derrete o gelo acumulado nas calotas polares e nas montanhas, aumentando assim o nível dos oceanos. O IPCC prevê que o acréscimo pode chegar a 90cm, suficiente para riscar cidades inteiras do mapa. Obviamente que as populações dos países pobres sofrerão mais com a devastação.

Acordo fica só no papel
A partir de 1992, na Conferencia das Nações Unidas no Brasil (ECO-92), definiram-se alguns aspectos para tentar controlar a poluição. Em 1997 foi assinado o acordo que entrou em vigor na semana passada, chamado Convênio Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, conhecido também como Protocolo de Kyoto. Para os 141 países que o ratificaram, este protocolo teria como objetivo reduzir entre 2008 e 2012, uma média de 5,2% das emissões dos seis gases que provocam o efeito estufa na atmosfera.

Este acordo já nasceu rebaixado, pois as metas propostas de redução de emissão de gases são muito pequenas comparadas com a real necessidade. Cientistas do IPCC afirmam que seria necessário reduzir em 60% as emissões e não em 5% como propõe o Protocolo. Isso acontece porque os países imperialistas, responsáveis pelas maiores emissões de gases poluentes, não querem estabelecer normas de controle que prejudicariam os lucros das empresas que, além de explorarem a classe trabalhadora, destroem severamente o meio ambiente do planeta.

Outro aspecto é que o acordo está fadado ao fracasso, pois o principal poluidor do mundo, os EUA, é responsável por 25% de todas as emissões de gases-estufa no mundo. Mesmo sendo as metas de Kyoto rebaixadas, o governo norte-americano não ratificou o acordo, alegando prejuízo para sua indústria. Bush, além de não aceitar a diminuição das emissões de gases para não prejudicar sua máquina de poluição que o sustentam no poder, queria que o protocolo fosse direcionado aos países em desenvolvimento, fazendo com que estes pagassem a conta da destruição do planeta.

Mecanismos favorecem mercado internacional
Foram criados mecanismos de controle das emissões que tendem a favorecer grandes corporações internacionais. Os chamados “mecanismos de flexibilidade” permitem que países que poluem comprem “créditos” (financiamento de programas ambientais etc) das nações que não poluem, de modo a justificar os danos ao meio ambiente. Isso significará menos ações dos países imperialistas na redução de poluição em seus territórios, tornando, mais uma vez, as nações pobres em suas colônias ambientais.

Brasil: poluição vem de latifúndios e madeireiros

O Brasil está fora do conjunto das nações que irão reduzir suas emissões por ser considerado um “país em desenvolvimento”. Contudo, vem contribuindo a cada ano com emissões de gases-estufa. Enquanto nas nações mais industrializadas as emissões de CO2 provêm principalmente da queima de combustíveis fósseis nos motores de carros e indústrias, no Brasil o maior problema é o avanço das queimadas e do desmatamento, promovidos por madeireiros e pelo agronegócio. No caso do dióxido de carbono, 75% das emissões nacionais tem origem nas queimadas florestais. Lula, ao se aliar a latifundiários, não vem realizando nada para redução desse quadro.

O aumento do desmatamento deve-se à rapinagem dos grileiros e sojeiros que vêm atuando na Amazônia, derrubando florestas para retirada ilegal de madeira e plantio de soja, garantindo assim o grande lucro do agronegócio.

Post author João Lourenço, de Belém (PA)
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