Em frente à Fiesp, mil pessoas pararam o trânsito para dizer não ao desemprego e à redução salarial. Em Minas, manifestantes caminharam até a sede da Fiemg. No Rio, o ato foi um dia antes, em frente à sede da Vale, maior empresa privada no país

No dia 12, cerca de mil pessoas foram à Avenida Paulista, coração financeiro do país, para dizer não aos ataques dos patrões. Os manifestantes repudiaram as demissões e a redução de salários e direitos.

Os ativistas saíram do Masp e caminharam até a Fiesp, maior símbolo empresarial do país e linha de frente na defesa da redução jornada, salários e direitos. Duas pistas da avenida foram interrompidas.

Apesar de a manifestação ser pacífica, a presença da polícia foi ostensiva. Uma grade foi colocada em frente ao prédio.

Reivindicações
O protesto foi um recado: não será aceito nenhum acordo que prejudique os trabalhadores para ajudar os patrões a sair da crise.

“Os patrões, quando ganham muito dinheiro, não querem dividir os lucros com os trabalhadores”, disse Adilson dos Santos, o Índio, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. Ele citou exemplos de que é possível resistir, como na Inox, em São José, que está sob controle dos trabalhadores.

As principais exigências dos manifestantes foram estabilidade no emprego, reintegração dos demitidos, redução da jornada de trabalho sem redução salarial, não-retirada de direitos, estatização sem indenização e sob o controle dos trabalhadores das empresas que demitirem, entre outras.

CUT faltou
Apesar de chamada a construir e participar do ato, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) não compareceu. “A CUT diz que é contra, mas nos seus sindicatos tem feito acordos”, falou Emanuel Melato, da Intersindical. Eliezer da Cunha, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, ressaltou que o ato foi “o resultado de uma organização de muitos anos daqueles que não se renderam”.

Índio também criticou a CUT: “diz que tem de dar dinheiro para os empresários reduzindo imposto, e isso está errado, porque o dinheiro é dos trabalhadores”.
Já para Zé Maria de Almeida, da direção nacional da Conlutas, é um absurdo que “os empresários, sentados nas montanhas de lucros que acumularam, queiram demitir os trabalhadores”.

Zé Maria defendeu que os trabalhadores cobrem do governo Lula uma Medida Provisória que proteja os trabalhadores, garantindo estabilidade e estatizando as empresas que demitirem.

Unidade e representatividade
O ato foi uma prova de que é possível unir os diversos setores que não se entregaram ao governo. Entre os presentes, além dos metalúrgicos, estavam estudantes, químicos, bancários, servidores públicos, comerciários, sem-teto, sem-terra etc.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também estavam no protesto. Zé Batista, do MST, disse que “não tem outro caminho a não ser construir a unidade de todos os setores”.

Raul Marcelo, deputado estadual do PSOL, Beto, do PCB, e Dirceu Travesso, do PSTU, também saudaram o ato. “Se há algo irracional, é o capitalismo”, afirmou Dirceu Travesso. Ele apresentou o socialismo como única alternativa realmente benéfica para os trabalhadores.

Ampliar as mobilizações
Para a Conlutas e demais entidades que organizaram os protestos, é apenas o início de uma forte campanha que deve se ampliar. A unidade para resistir e lutar contra os patrões, os governos e as direções que negociam direitos é a única garantia para que os trabalhadores não paguem pela crise.

Nesse momento, não há espaço para vacilo. Qualquer concessão aos patrões pode significar a porta de entrada para o desemprego e a miséria. O próximo passo é manter e ampliar a unidade e construir um dia nacional de paralisações e mobilizações em 1º de abril.

No Rio, protesto foi em frente à sede da Vale

Da Redação

No dia 11, 500 manifestantes protestaram em frente à sede da Vale, no centro do Rio. Esteve presente uma caravana de trabalhadores da Vale nas cidades mineiras de Itabira, Congonhas e Mariana, além de metalúrgicos da Federação Democrática de Minas, filiada à Conlutas. Também participaram bancários e movimentos sociais e populares do Rio. O ato foi realizado junto com a CUT.

A companhia, uma das maiores mineradoras do mundo, foi a primeira a demitir diante da crise. Agora, quer reduzir os salários à metade como condição para não demitir.
“Temos de rechaçar essa proposta indecente da Vale, que lucrou bilhões e agora quer jogar a crise nas costas dos trabalhadores”, defendeu Zé Maria de Almeida, dirigente da Conlutas, que também criticou o governo Lula por se omitir diante das demissões.

O representante do Sindipetro-RJ, Emanuel Cancela, defendeu a reestatização da Vale, que aumentou em 40 vezes o seu valor desde a privatização, e o controle total sobre a Petrobras e os recursos naturais.

Cyro Garcia, dirigente do PSTU, criticou: “a CUT se limita a criticar os empresários que demitem, mas nada fala sobre o governo, que deixa demitir e ainda propõe flexibilização”.

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