A principal rodovia do país, a Via Dutra, é o retrato do que a privatização fez ao país nos últimos 20 anos. A estrada tem 59 anos e liga São Paulo ao Rio de Janeiro, os dois principais centros urbanos do Brasil.

Com seus 402 quilômetros, a Dutra também liga duas sub-regiões, geradoras de riquezas, vizinhas às duas metrópoles: o Vale do Paraíba e o sul fluminense. Em 1996, o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) privatizou a Dutra, entregando a administração e a exploração da mais importante rodovia do país para o grupo CCR, uma das maiores empreiteiras do país.

Hoje, o quadro de sucateamento, da rodovia é escandaloso. Em Arujá, na grande são Paulo, um desmoronamento no sentido SP-RJ simplesmente destruiu toda pista. O tráfego, há três meses, funciona em sentido duplo pela pista RJ-SP por quase um quilômetro.

Já na altura de Pindamonhangaba, no quilômetro 102, sentido RJ-SP, a pista quase desmoronou. Está em obras de contenção há três meses também. O tráfego é realizado em uma só faixa. Sem falar das varias quedas de barreiras no início do ano.

A última grande ampliação da Dutra foi em 1967. Nos anos 1980, o sucateamento foi brutal. Depois, veio a privatização que continua até hoje com promessas de investimentos. Assim, fizeram e degradaram a principal rodovia do país.

Hoje, na região do Vale do Paraíba, o tráfego na Dutra chega tem “horário de rush”. Nos trechos urbanos de Taubaté, Pindamonhangaba, Caçapava, São José dos Campos e Jacareí, há congestionamento e lentidão entre 17h30 e 19h30.

A maioria das melhorias que diziam estar no tal contrato de concessão não foram feitas pela concessionária. Porém, nos próximos dias, novas duas praças de pedágios estarão sendo instaladas com o discurso de fracionamento da tarifa. Com isso, simplesmente ficam fechadas as últimas saídas entre as cidades de Arujá, Guararema e Jacareí.

Mas o governo Lula segue a mesma política de FHC. O exemplo é a Fernão Dias, rodovia que liga São Paulo e Belo Horizonte, privatizada pelo governo Lula. Há um mês, a estrada está interditada na altura de Mairiporã, na grande São Paulo, e não há previsão de abertura.

No último mês, a Nova Dutra, pertencente ao grupo CCR, anunciou os resultados de 2009, lucros na ordem de R$ 200 milhões, enquanto a rodovia desmorona.