Não existe nada pior do que chegar em casa com um DVD novinho, colocá-lo para rodar e perceber que ele só vai até a metade. Quando a trama começa a ficar interessante, o maldito trava e volta ao início; e não há batidinha do lado ou sopro no leitor óptico que o faça andar. A frustração é enorme.

Algo parecido aconteceu com as revoluções socialistas do século 20. Algumas rodaram a metade do que estava programado; outras, um pouco mais. Mas, a partir de um certo ponto, todas elas sem exceção começaram a retroceder, como se alguém tivesse apertado a tecla “REW”. Ao final, uma por uma, acabaram retornando ao mesmo lugar de onde partiram: a propriedade privada foi restabelecida; o capitalismo, restaurado; quase todas as conquistas da classe operária, perdidas. Como sabemos, também nesse caso, a frustração foi grande.

Por que isso ocorreu? O que deu errado? Eram mesmo revoluções socialistas? Poderia ter sido diferente? Para responder a essas perguntas é necessário, claro, nos debruçarmos sobre cada uma dessas revoluções e analisá-las cuidadosamente. Mas conhecer os fatos de uma revolução não significa compreendê-la de verdade.

As revoluções não são aventuras hollywoodianas, cheias de explosões e tiros. São dramas complicadíssimos, repletos de reviravoltas e segredos escondidos. Por isso, para entender uma revolução não bastam nomes e datas. É preciso uma teoria, um modelo explicativo. Tentar entender uma revolução sem a ajuda da teoria é o mesmo que ver um filme estrangeiro sem legenda.

A teoria da revolução permanente, elaborada por Leon Trotsky em 1906, logo após a primeira revolução russa, explica exatamente isso: como funcionam as revoluções em geral, qual sua mecânica, que rumos podem tomar, que forças são capazes de detê-las, quais as condições de sua vitória definitiva.

Assim, dando continuidade à série de publicações das obras de Trotsky, a Editora Sundermann reuniu em um único volume os principais trabalhos do revolucionário russo sobre o tema: “Balanço e Perspectivas”, de 1906, onde a teoria da revolução permanente foi pela primeira vez formulada, e “A Revolução Permanente”, de 1929, onde ela foi aprofundada e expandida. Desta forma, em traduções revisadas e com anexos inéditos em português, duas das mais importantes obras marxistas do século 20 estão agora disponíveis para o leitor brasileiro.

“Não rir nem chorar, mas compreender”, dizia um velho filósofo sobre a atitude que se deve ter diante da história. Após a enorme confusão criada pela restauração do capitalismo nos antigos Estados operários, essa frase nunca foi tão atual. Por isso, “A Teoria da Revolução Permanente” é um livro obrigatório para todo operário consciente, todo trabalhador que deseja não apenas agir, mas compreender para agir melhor.

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