O Congresso Nacional está nas mãos do PMDB. A maior legenda de aluguel da história da República venceu a disputa pela presidência do Senado e da Câmara.

Na Câmara, venceu o deputado Michel Temer (PMDB-SP), com 304 votos contra 129 de Ciro Nogueira (PP-PI) e 76 de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). No Senado, o vitorioso foi José Sarney (PMDB-AP) que bateu Tião Viana (PT-AC) por 49 a 32. Ambos são duas velhas raposas da política nacional.

Ex-presidente da República entre 1986 e 1990, Sarney, foi por duas vezes presidente do Senado. O velho cacique do Maranhão sempre foi amigo do poder e apoiou todos os governos de plantão desde que, é claro, oferecessem poderes e cargos ao seu grupo político.

Temer também sempre fez jus ao fisiologismo do PMDB. O deputado foi um dos principais articuladores políticos do governo de FHC. Depois de inicialmente fazer oposição ao governo Lula, Temer se integrou à base aliada após seu partido ganhar novos ministérios e cargos em estatais.

Como não poderia ser de outra forma, um digno mercado persa tomou conta da eleição dos candidatos do PMDB. Sarney e Temer estarão no controle de um orçamento conjunto de quase R$ 6 bilhões anuais. Cargos foram negociados em troca de apoios. A farra foi tanta que a primeira preocupação dos novos presidentes será como entregar a mercadoria. “Houve uma espécie de ‘overbooking´ aqui dentro”, ironizou o senador petista Aloizio Mercadante.

A eleição dos peemedebistas também foi uma vitória do governo Lula. Desde o início, os candidatos contaram com o apoio do presidente. A expectativa é trazer a legenda para o apoio à Dilma Roussef, a principal candidata petista para as eleições de 2010. Dilma fez inúmeras declarações claras em favor das candidaturas, especialmente a de Sarney figura central para manter a maioria do governo no Senado.

Mas nada está definido. O PMDB sabe que a crise econômica poderá mudar radicalmente a conjuntura do país e proporcionar um desgaste da imagem do governo. Por isso, o partido mantém um pé também na canoa tucana. Embora tenha sido derrotado, o grupo de José Serra, o provável candidato à presidência pelo PSDB, ainda possui boa relação política junto a Michel Temer.

Mas o PMDB vai cobrar caro pelo seu apoio. Atualmente, o partido conta com seis importantes ministérios. A cobrança por cargo vai aumentar. Por outro lado, o partido é quem vai administrar a agenda política no governo, inclusive as medidas que vão jogar a conta da crise sobre as costas dos trabalhadores.

Senador do PSOL vota em petista
O papelão ficou por conta do senador José Nery (PSOL-PA). O senador apoiou de forma lastimável o petista Tião Viana, um dos principais parlamentares que transmite a política do Planalto para o Congresso. Não bastasse isso, Nery pegou carona num jatinho de um empresário para poder votar no petista. O episódio mostra os limites da oposição do partido ao governo Lula. Ou o PSOL supõe que a vitória de Viana não seria compartilhada pelo governo?