Ato na Avenida Paulista
Jeferson Choma

Segundo a polícia cerca de 1,5 milhão de pessoas participaram da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros (GLBT), no dia 13 em São Paulo. Já os organizadores do evento, a Associação da Parada, afirmam que o número chegou a 1,8 milhão.

Independentemente da quantidade exata, o fato é que a Parada de São Paulo já é a maior do mundo, superando eventos similares que ocorrem nos EUA e no Canadá.

Apesar do sucesso, a Parada, mais uma vez, foi marcada por problemas. A começar pelo tema selecionado pela Associação: “Temos família e orgulho”. Para um setor do movimento, o tema tinha a ver com a necessidade do reconhecimento legal das relações entre casais GLBT (com a regularização das parcerias civis que transfiram para os homossexuais os mesmos direitos existentes para os casais heterossexuais, como os direitos previdenciários e, no nosso entender, o direito à adoção de crianças). Nada mais justo.

Outros relacionaram o tema às muitas dificuldades que GLBT’s têm em suas famílias: discriminação e preconceito podem se transformar em atitudes como a expulsão da casa ou o emprego da violência doméstica. Algo também importante.

Contudo, pelo tom dado pela própria Associação, tanto a cobertura da mídia como os eventos paralelos à Parada foram marcados por uma abordagem conservadora: a defesa do padrão tradicional de família.

Exemplar da lamentável lógica que permeia maioria do movimento, que defende a “integração” dos homossexuais ao sistema tal como é. A defesa do casamento e da família tradicionais é prima-irmã da postura que vê como conquista o surgimento de um mercado voltado para os homossexuais. Uma enorme bobagem que só privilegia setores de classe média.

Além desse problema, se repetiram outros já conhecidos: a abertura da Parada foi feita pela prefeita petista sem que qualquer um pudesse questioná-la (não só por sua péssima administração, como também por não ter feito nada pelos GLBT’s), durante todo o percurso houve muita música e nenhuma fala política e, evidentemente, a cobertura da imprensa privilegiou o “exótico”, ignorando as manifestações políticas existentes.

Orgulho para lutar

O PSTU, através de sua Secretaria GLBT, marcou presença na Parada, apresentado uma perspectiva de luta para o movimento. Na coluna do partido – que também abrigou ativistas do Coletivo GLBT da Coordenação Nacional de Lutas Estudantis, que levaram uma faixa contra a reforma Universitária – na principal faixa lia-se “Diga não à homofobia e as reformas de Lula e do FMI”, título também do panfleto distribuído pelo PSTU, denunciando as declarações homofóbicas de Lula, suas reformas neoliberais e a necessidade de organizarmos um movimento GLBT independente do governo e das posturas elitista de sua atual direção.

É hora de organizar colunas de GLBT’s lutadores nas próximas Paradas. Em Nova Iguaçu e Blumenau (dia 19), Belém, Brasília, Alfenas e Vitória (20). Recife (25), Curitiba, Campo Grande e Juazeiro (26), Rio de Janeiro, Fortaleza, Goiânia, Uberlândia e Campinas (27).

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