Sindicato dos trabalhadores das montadoras vai assumir boa parte da empresaA crise econômica e as saídas do capitalismo aparecem com clareza no setor automobilístico. Alguns analistas estão dizendo que esta crise mudará o perfil do setor, com um deslocamento do centro de produção e vendas de Detroit (EUA) para Xangai (China). Os países emergentes (China, Coreia, Rússia, Índia e Brasil) teriam um novo papel, com carros mais compactos e de menor custo.

Ao contrário dos que pensam que isso levaria à formação de novos centros imperialistas, o deslocamento da produção para os países semicoloniais só reforça o controle dos grandes grupos imperialistas e aumenta seus lucros com os salários rebaixados.

Já estão em prática as saídas do grande capital para a crise: uma ampliação da centralização (sobrarão cinco ou seis empresas imperialistas); um predomínio ainda maior do capital financeiro (um dos símbolos é o fundo Cerberus, que comprou e vendeu a Chrysler em dois anos); e um ataque violento aos salários e direitos dos trabalhadores (como os acordos nos EUA).

Existem também fatores políticos que influenciam, principalmente a luta de classes. Qual será a reação da classe operária norte-americana frente a este ataque que reduz drasticamente suas conquistas? Aceitará, sem reação, um nível salarial semelhante ao do Brasil e a redução aos poucos até os níveis da China?

O sindicalismo reformista, que pregou durante décadas uma cara social à globalização e agora se torna diretamente sócio da reestruturação, vai entrar em crise? Surgirão novas direções?

É preciso organizar a resistência
Não há como o operário americano garantir suas conquistas e seu nível de vida se não lutar pela estatização sem indenização da empresa, sob controle dos trabalhadores.

A burguesia mais poderosa do planeta é incapaz de garantir o funcionamento das fábricas e os atuais salários e benefícios dos trabalhadores. Somente quer estatizar os prejuízos, como fez com os bancos. As várias concessões feitas pelo UAW (sindicato do setor automotivo) para garantir os empregos de nada adiantaram.

É necessário fazer funcionar a produção sob uma nova ótica, com a GM estatizada e controlada pelos trabalhadores. Inclusive para converter a produção para o transporte coletivo.

Para evitar voltar às condições de trabalho do século passado, a classe operária americana tem de retomar sua tradição de luta para transformar a sociedade, fazer uma revolução socialista que coloque todo o progresso e o desenvolvimento tecnológico a serviço dos trabalhadores.

O governo Obama tem injetado recursos públicos não para salvar empregos, mas para impor à classe operária sacrifícios cada vez maiores para salvar o capitalismo. Os trabalhadores têm de se colocar em movimento exigindo que não haja fechamento de fábrica, nenhuma redução de salários e garantia de todos os direitos, inclusive assistência médica a todos da ativa e aposentados.

Frente às demissões e à reestruturação, é preciso organizar a resistência internacional dos trabalhadores. O fechamento de fábricas nos EUA, na Alemanha e na Bélgica e a ameaça geral aos direitos dos trabalhadores exigem uma resposta unificada.

Por isso, reafirmamos e atualizamos o nosso chamado às organizações dos trabalhadores que estão dispostas a resistir a esse ataque das empresas. É urgente um fórum internacional do trabalhador que organize a luta. Vamos participar e divulgar as iniciativas como o encontro em junho na Venezuela e em outubro na Alemanha.

Vamos sair à luta no Brasil
No Brasil, mesmo com a redução do IPI, já houve, em abril, queda na produção e nas vendas, e a previsão anual é de mais queda. Em consequência, as demissões não vão parar a pressão para reduzir direitos. Também neste momento haverá tentativa de aprofundar a reestruturação.

É preciso organizar a luta nacional dos trabalhadores das montadoras e fazer um chamado às centrais sindicais de unidade de ação em defesa do emprego e do salário. E devemos unificar nacionalmente as campanhas salariais nas montadoras.

  • Estabilidade no emprego, nenhuma demissão!
  • Redução da jornada, sem redução de salário, sem banco de horas
  • Piso nacional dos salários para equiparar os salários nos diversos estados
  • Salários e direitos iguais em todas as montadoras; aumento geral dos salários
  • Proibição de remessa de lucros e dividendos das montadoras para o exterior

    Post author Luiz Carlos Prates “Mancha”, da Direção Nacional do PSTU
    Publication Date