As redes de televisão ignoraram boa parte da campanha das Diretas Já, contra a ditadura militar. Por uma imposição dos militares, os grandes atos não existiam no noticiário, ou então se reduzia sua importância. Até que a realidade se impôs, as TVs tiveram que recuar e noticiar o que estava acontecendo. Com as mobilizações do “Fora Collor” aconteceu a mesma coisa. Nos dois episódios, pode se comprovar que as redes de televisão, apesar de seu enorme poder, podem ser derrotadas.

Nesta semana começaram os programas eleitorais, em que os tempos das candidaturas do PT e PSDB serão muito maiores que os da Frente de Esquerda. Alckmin terá 10 minutos e 22 segundos. Lula terá 7 minutos e 21 segundos. Enquanto Heloísa terá apenas 1 minuto e 11 segundos, em cada um dos dois blocos diários de programas.

Essa medida antidemocrática favorece a falsa polarização eleitoral entre Lula e Alckmin, o que é o objetivo da grande burguesia. Entra em cena uma arma importante para a burguesia, em um momento em que essa polarização está claramente questionada. A candidatura de Heloísa Helena, da Frente de Esquerda, alcançou 12% das intenções de voto nas pesquisas, chegando a 23% na cidade do Rio de Janeiro. Existe neste momento uma alternativa perante Lula e Alckmin, que vai se construindo como uma terceira via, pela esquerda.

Com a TV entram em cena os marqueteiros, para fazer o povo acreditar que Lula não sabia de nada da corrupção, e de que ele é realmente um “pai dos pobres”. A campanha de Alckmin vai tentar demonstrar como ele solucionou os problemas de segurança de São Paulo. Não se debatem idéias, se vendem candidatos, se tenta descaradamente enganar o povo.

É hora de fortalecer a campanha eleitoral da Frente pela base, para tentar encarar este novo desafio. A campanha de Heloísa vem aumentando até agora, e é necessário seguir este crescimento, enfrentando a desigualdade na TV. É possível fazê-lo, como se demonstra nos exemplos da campanha das Diretas e o Fora Collor.
É o momento, portanto, de combinar a campanha pela TV com o fortalecimento da mobilização pela base. Para isto é necessário fazer a campanha da Frente, ligada á luta contra a reforma trabalhista do governo e contra a nova reforma da Previdência que está sendo tramada.

É preciso combinar a luta eleitoral com a mobilização salarial que já se inicia em alguns setores chaves dos trabalhadores. O funcionalismo federal votou um plano de lutas, a partir de uma proposta da Conlutas. Existe em curso uma campanha salarial dos petroleiros por fora da FUP governista. Os bancários resolveram também chamar a um encontro nacional, que discutirá a possibilidade de encaminhar uma campanha salarial por fora da CUT. A combinação dessas mobilizações é uma vocação da Conlutas.

A campanha da Frente deve incorporar a luta direta dos trabalhadores em seus programas de TV, tanto as salariais como as contra a reforma trabalhista. Só assim poderá ser uma terceira via dos trabalhadores, contra as alternativas da burguesia.

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