Apesar de ser geralmente mostrado a partir de um “olhar” externo e, eventualmente, preconceituoso ou “romantizado” — como no clássico Orfeu Negro (Marcel Camus, 1959) —, o universo da favela foi tema de uma série de bons filmes, como o recente Cidade de Deus, dirigido por Fernando Meirelles.

Rio 40 graus (1955) e Rio Zona Norte (1957), de Nélson Pereira dos Santos, são percussores do Cinema Novo e retratam, de forma poética e realista, a marginalidade e violência. No primeiro, os protagonistas são vendedores de amendoim; no segundo, o foco está na trajetória de um sambista negro.

O excelente Cinco Vezes Favela (1962/64), produzido pelo Centro Popular de Cultura da UNE, reúne cinco curtas de diretores iniciantes que levaram às telas o desespero de um desempregado, a luta em defesa das ocupações de terra, o samba e a precariedade dos locais de moradia, geradores de sucessivas tragédias.

Temas “proibidos” durante a ditadura, a favela e a miséria urbana só voltaram ao cinema na década de 90. Um dos primeiros representantes desta nova fase foi Como nascem os anjos (Murilo Salles, 1996), que aborda de forma trágica as conseqüências da violência e da miséria entre as crianças.

Um dos melhores exemplos de documentários é Notícias de uma guerra particular (1999), de João Moreira Salles, que constata que a ausência do Estado – em saúde, educação etc – é a fonte da maioria dos problemas enfrentados nos morros; o diretor investiga a relação entre a corrupção dos órgãos públicos e o tráfico de drogas e armas.

Post author Wilson H. da Silva, da redação
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