A discussão sobre um programa de combate à opressão machista partiu de uma avaliação bastante importante para as mulheres militantes do PSTU: qualquer programa que trate dos problemas específicos de gênero, deve partir da divisão de classe que existe na sociedade capitalista.
Hoje, dos mais pobres do mundo, 70% são mulheres. No Brasil, apesar de cada vez mais chefiarem as famílias, as mulheres continuam recebendo salários mais baixos e ocupando os piores postos sem direito às creches para seus filhos. Se a violência atinge todas as mulheres, por serem oprimidas, as trabalhadoras e pobres são as maiores vítimas.
Se mais miséria, mais desemprego, menos acesso à educação e à saúde são sinônimos de mais violência, também é possível constatar que as mulheres trabalhadoras — particularmente as negras e jovens, residentes nas periferias das grandes cidades — são as que, a cada quatro minutos, sofrem algum tipo de agressão física, praticada geralmente por um homem com quem ela vive ou viveu. São elas, também, que morrem ou ficam com seqüelas por abortos mal feitos (150 mil a cada ano) e que fazem o Brasil ser apontado com destaque entre os países “exportadores” de mulheres, crianças e adolescentes para a América do Norte e Europa, através de uma asquerosa rede de prostituição.
Se hoje a situação das mulheres pobres e trabalhadoras já é terrível, com a implementação da ALCA este quadro só se agravará. Somente na preparação para a implementação dessa política, podemos ver o governo de FHC querendo retirar direitos conquistados como a licença maternidade, férias, descanso semanal remunerado, etc, através da flexibilização da CLT.
Em face a esta situação, no Seminário, discutimos qual o melhor programa para as trabalhadoras e trabalhadores a ser apresentado no processo eleitoral. Infelizmente, do programa de mulheres do PT, elaborado por uma equipe da qual faz parte a prefeita de São Paulo Marta Suplicy, foram retiradas bandeiras de luta, como a legalização do aborto, e o programa geral é a favor da ALCA e do pagamento da dívida externa.
Para nós, do PSTU, contudo, é somente se colocando veementemente contra a ALCA e contra as reformas da CLT que poderemos dar um combate real ao machismo. Uma luta que, no nosso entender, tem de incluir reivindicações como: creches para nossos filhos, emprego, salários decentes e iguais aos dos homens, acesso à saúde pública, a descriminalização e legalização do aborto, denúncia e punição de agressores, construção de abrigos com orientação e formação profissional para as mulheres, que sofrem violência, e para seus filhos.
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