Nesse dia 7 o coronel César Kogut pediu exoneração do Comando Geral da PM, e no dia 8, enquanto concluíamos este texto, caiu o Secretário Francischini. Agora falta Beto Richa, a tarefa do movimento é impulsionar uma ampla campanha para derrubar Richa e colocar essas lutas a serviço de uma Greve Geral no país

A principal tarefa dos lutadores e lutadoras, dos partidos políticos que atuam na classe trabalhadora, dos sindicatos, movimentos sociais e entidades estudantis é por em prática uma forte campanha para derrubar Beto Richa (PSDB) e por em cheque o seu governo de direita. Após as greve e as cenas bárbaras de repressão, não há dúvida de que há um amplo espaço em meio as massas para esta campanha. O apoio e a solidariedade a favor das reivindicações dos trabalhadores e o repúdio à repressão se alastraram em meio a população.

Os gritos de “Fora Beto Richa” ganharam apelo de massas; após a brutal repressão este grito ecoou em diversos estádios de futebol, em shows e nas mídias sociais. Além disso, em vários estados vimos manifestações de solidariedade, nem mesmo a imprensa burguesa pôde esconder este fato.

Outro dado importante, é que a juventude entrou em cena. No dia seguinte à repressão, várias manifestações de estudantes e jovens trabalhadores aconteceram no estado. Em Curitiba, os jovens atenderam as convocatórias de atos pelo Facebook mas, diferente de junho, onde não havia uma referência clara sobre o caminho a seguir, agora as manifestações tinham uma referência no movimento grevista dos trabalhadores. Inicialmente os protestos haviam sido convocados aleatoriamente e logo foram sendo unificados com a agenda dos trabalhadores. O papel da classe trabalhadora organizada tem enorme importância política neste ascenso radicalizado.

Onda de lutas
Vivemos um ascenso das lutas no Paraná, um processo muito interessante e que, guardadas as devidas proporções, é a chave para compreender as tarefas do momento. Ele é parte de uma nova situação política no país, aberta em junho de 2013 e que vem se desenvolvendo desde então. Passados pouco mais de seis meses da posse da presidenta Dilma (PT), e do governador Beto Richa (PSDB), reeleito em 1º turno, fica claro para o conjunto da população que as eleição não passou de um jogo de cena, repleto de atores bons e ruins, tudo para ganhar o voto do eleitor e assim manter a dominação política dos partidos que estão comprometidos com a grande burguesia capitalista.

A greve dos servidores de fevereiro, que teve os trabalhadores da educação na vanguarda, causou uma mudança na conjuntura política. O governo tentou aprovar um “pacotaço” através do “tratoraço”. Mas ele não contava com a força do movimento, que  trouxe à tona os métodos de luta e resistência do movimento operário, e culminou em duas ocupações da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), emparedou o governo e forçou a retirada do “pacotaço”. Em meio a radicalização tivemos acampamentos, manifestações de rua, pressão moral e política sobre os soldados, ocupação e controle do espaço do parlamento, palavras de ordem políticas, organização de base nos comandos da greve, 50 mil trabalhadores mobilizados e dispostos a vencer. Tudo isso contagiou as massas trabalhadoras que logo passaram ao campo da solidariedade.

Esse processo formidável, impactou a consciência da maioria da população, da classe trabalhadora e das classes médias em todo estado. Ainda em fevereiro, 90% da população disse apoiar a greve da educação e cerca de 80% concordou com as duas ocupações do parlamento. Em fevereiro a situação política já era favorável aos trabalhadores em relação ao governo tucano.

Em fins de abril, quando Beto enviou novamente a reforma da previdência à ALEP e os servidores  retomaram à greve, a situação política se agravou. Neste momento está aberta uma crise política que atinge os poderes executivo, legislativo, judiciário e a polícia militar. Em maior ou menor grau, no movimento grevista e na população, há questionamento a todos os poderes. No conjunto da população, a crise política atinge com mais força o Executivo, o Legislativo e a Polícia Militar, que ficaram em maior evidência nos tristes e lamentáveis episódios de repressão.

O dia 29 de abril entrou para a história . O país inteiro se revoltou com as cenas de repressão contra os trabalhadores em Curitiba. A indignação se espalhou país afora, a violência e truculência foram repudiadas. Nos últimos jogos de futebol, os estádios paranaenses ecoaram o “Fora Beto Richa!”. Em 5 de maio, no estádio da Vila Capanema, os educadores aprovaram massivamente a continuidade da greve sob o coro “Fora Beto Richa”. A solidariedade e o apoio à luta dos trabalhadores cresceu. A maioria do povo paranaense não concorda com a violência que o governo usou para atacar os servidores. Richa não tem mais legitimidade para governar o Estado e deve cair imediatamente. O Paraná precisa de um governo dos trabalhadores, sem alianças com patrões e partidos de direita. Um governo que seja apoiado democraticamente nas organizações e reivindicações da nossa classe.

Não vamos dar trégua ao governo Richa, a crise política é evidente e ganha diferentes contornos. No dia 5, mesmo dia em que o Secretario de Educação caiu, o alto comando da Política Militar reagiu contra as declarações do Secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini (SDD), 16 dos 19 coronéis assinaram carta de repúdio ao secretário. Em nota encaminhada ao governador Beto Richa, o alto comando responsabilizou diretamente Francischini, desmentiu suas declarações e denunciou que ele autorizou toda a ação, desde o planejamento à execução. A situação é crítica na PM e no executivo. Nesse dia 7 o coronel César Kogut pediu exoneração do Comando Geral da PM, e no dia 8, enquanto concluíamos este texto, caiu o Secretário Francischini. Agora falta Beto Richa!

Greve Geral contra o ajuste do Governo Federal
Em 29 de maio, teremos um novo dia nacional de paralisações, ele foi convocado pela CSP-Conlutas, CUT, UGT, NSCT e CTB. A pauta acordada inclui a luta contra as terceirizações, as duas Medidas Provisórias de Dilma (664 e 665) que retiram direitos trabalhistas e previdenciários, o ajuste fiscal, a defesa dos direitos e da democracia.

Nesta semana, o governo Dilma e sua bancada liderada pelo PT e PMDB no Congresso, aprovaram a Medida Provisória 665. Trata-se de um duro ataque à classe trabalhadora brasileira. A situação é muito séria, dias atrás, a mesma Câmara dos Deputados já havia aprovado o Projeto de Lei 4330, que regulamenta as terceirizações e significa um duro ataque as condições trabalhistas.

O governo está manobrando, usa a indignação dos trabalhadores contra o PL das terceirizações para tirar a atenção do ajuste fiscal e das MP´s que estão sendo aprovados no Congresso Nacional. A postura diante das terceirizações não passou de jogo de cena, Dilma não se pronunciou contra o PL 4330, apenas manifestou preocupação quanto a arrecadação do governo.

Diante desses ataques, a necessidade maior da classe trabalhadora brasileira é a construção de uma forte e consequente Greve Geral, que pare o país e coloque contra a parede os capitalistas, o governo federal e o Congresso Nacional. É lamentável que a maioria da Força Sindical (liderada por Paulinho do SDD) tenha apoiado o projeto das terceirizações. Da mesma forma, é lamentável que até agora, a CUT não tenha manifestado com relação as MP´s de Dilma a mesma indignação que externou contra as terceirizações.

Por isso, a luta no Paraná precisa ser colocada a serviço desta luta mais geral que precisamos travar no país. É a classe trabalhadora brasileira quem está sendo duramente atacada, derrotar Beto Richa (PSDB) não basta, por que também seremos afetados pela política que está sendo aplicada em âmbito nacional. Nesta batalha só teremos um vencedor, o Governo Federal liderado por Dilma (PT) ou a classe trabalhadora através de uma grande Greve Geral.

Nenhuma trégua ao governo federal, Nenhuma trégua ao Congresso Nacional, rumo à Greve Geral. Basta de PT, PMDB, PSDB! Por um governo dos trabalhadores sem patrões e sem a direta, que governe apoiado nas organizações e no programa da classe trabalhadora.

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